sábado, 27 de dezembro de 2014

Guerra do Paraguai completa 150 anos neste sábado


CELSO BEJARANO E OSCAR ROCHA
Exatos 150 anos atrás (27 de dezembro de 1864), segundo cálculos de historiadores, deflagrava-se em Forte Coimbra, distrito de Corumbá, perto da fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, o mais sangrento dos duelos armados da América Latina, a Guerra do Paraguai, país que lutou sozinho contra a chamada Tríplice Aliança, combinado composto por Brasil, Argentina e Uruguai. 
À época, depois de saquearem o comércio da cidade de Corumbá, 2,3 mil soldados paraguaios avançaram sobre o Forte, obrigando a rendição de militares e civis que ali moravam, em torno de 200 pessoas. 
Dali em diante, batalhas se espalharam até março de 1870, período de seis anos. Resultado do confronto: venceram os países que se aliaram. Sequela do combate: além dos danos financeiros, embora números não 100% confiáveis indicam a morte de ao menos 300 mil pessoas entre civis e militares, dos quais em torno de 200 mil eram nascidos no Paraguai, nação vizinha que, à época, tinha entre 650 mil a 800 mil habitantes. 
Até o motivo da guerra ainda é dúvida para os pesquisadores, a mais aceita das versões seria a de que o ditador paraguaio, Francisco Solano Lopes, queria expandir seu território com a intenção de manter o domínio sobre navegação que ligaria seu país ao oceânico atlântico.
O desfecho da briga mudou a história de Mato Grosso do Sul. Se os paraguaios vencessem, por exemplo, ao menos 15 municípios de MS seriam deles.
PONTO DE VISTA
Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Ana Paula Squinelo explica a razão de a Guerra do Paraguai parecer um fato vivo para o povo paraguaio, enquanto no Brasil, apenas um elemento da  história do século 19.
“É fato que no Paraguai os eventos concernentes à Guerra do Paraguai ganham outras dimensões, seja na memória ou na história da população guarani, trata-se de um conflito que dizimou parte significativa da população, seja nos aspectos demográficos, como nos relacionados à economia. O Paraguai foi destruído ao longo dos cinco anos de guerra e, após esta, teve de conviver com um longo período de ocupação das forças aliadas.  Nesse sentido, os eventos relacionados à guerra ainda se fazem presentes no imaginário da nação paraguaia à medida que parte de seu atraso econômico, por exemplo, é creditado ainda por uma parte da população, a experiência bélica; desta forma, esse passado é cotidianamente relembrado pela história e na memória presente”.
Mato Grosso do Sul está diretamente ligado à guerra de 150 anos atrás, mas o assunto não é tratado como deveria. O que deveria ser feito no Estado para evidenciar a importância do conflito?
Para Ana Paula, o problema é que no Estado de MS a temática Guerra do Paraguai foi apropriada pela elite e por diferenciados projetos governamentais com o intuito de forjar uma história e uma memória que atenda aos preceitos de um determinado grupo social. Em momentos distintos da história do estado, a guerra foi “revisitada”; isso ocorreu, por exemplo, no processo pós-divisão do estado quando da escrita da história sul-mato-grossense na qual os eventos relacionados à Guerra do Paraguai foram privilegiados na construção da história sul-mato-grossense, assim como em projetos governamentais como os da “Trilha da Retirada da Laguna”, à época do governo do PT. Em nem um momento o assunto foi abordado de forma séria e relevante, fato é, por exemplo, que os monumentos comemorativos existentes nos municípios (Coxim, Nioaque, Aquidauana, Corumbá, Dourados, Antônio João, etc.) que foram palco da guerra hoje não possuem significado nenhum para a população. Forjou-se uma memória oficial do conflito guarani e esta não encontra ressonância na população”.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Relembre os principais momentos culturais de 2014

Com o ano de 2015 batendo à porta, chegou a hora de recordar os principais acontecimentos que energizaram os mais variados ambientes da cultura em 2014. E para a nossa retrospectiva ficar ainda mais sintonizada com os movimentos locais, contamos com o auxílio das memórias do editor de cultura do Correio do Povo, Luiz Gonzaga Lopes. 

Confira!

Redes Sociais
• O ano foi de despedida para quem ainda apreciava aquele tom primitivo das redes sociais. O Orkut, representante isolado dessa geração, foi dado por encerrado em setembro. O site, que teve início em 2000, deixou muitos usuários saudosos. 
• A selfie, tirada durante a apresentação do Oscar por Ellen DeGeneres, bateu recorde de compartilhamentos no Twitter. A fotografia foi avaliada emmais de R$ 2 bilhões.

Shows

• Joan Baez tocou em Porto Alegre depois de ter show barrado no Brasil nos anos 60. A apresentação histórica ocorreu no Araújo Vianna, em janeiro. Além da cantora, os gaúchos tiveram a oportunidade de conferir sensação teen Demi Lovato. Mas os fãs de rock também não ficaram na mão. Bandas como Queens of the Stone Age e Deep Purple marcaram presença em Porto Alegre, em apresentações que tiveram os ingressos esgotados.

Música

• Uma das grandes expectativas para a Copa do Mundo no Brasil era a mistura musical que aconteceria entre Jennifer Lopez, Pitbull e Claudia Leitte, na interpretação da música oficial do campeonato. Mas, pelo visto, o hit não agradou muito e a colombiana Shakira acabou desbancando o trio com “La La La”.
• Taylor Swift conseguiu quebrar mais um recorde, mesmo lançando disco aos 45 minutos do segundo tempo. A cantora vendeu mais de um milhão de cópias na semana de estreia do último álbum, “1989”, o mesmo feito aconteceu quando lançou os trabalhos anteriores: “Red” (2012) e “Speak Now” (2010). 
• O U2 levou a sério a nova fase da música e liberou seu 12º álbum de surpresa e totalmente de graça, para usuários da Apple. A iniciativa gerou discussão sobre o futuro da música na onda do download e do streaming e também não agradou muitos usuários, que não gostaram de receber o disco sem que fosse solicitado. Pouco tempo depois, a situação gerouum pedido de desculpas por parte da banda irlandesa.  

Teatro

• Ao longo de 2014, Porto Alegre teve o prazer de receber duas vezes a peça “Incêndios”, com Marieta Severo. O texto de autoria do libanês Wajdi Mouawad, que chegou a virar filme, pôde ser conferido no Theatro São Pedro em março e em setembro. Em ambas o público não decepcionou. 

Cinema
• Três grandes ícones brasileiros ganharam espaço na telona: Tim Maia, Paulo Coelho e Joãozinho Trinta foram as principais cinebiografias que conquistaram o merecido destaque no cinema nacional.  
• 2014 também foi um ano de polêmica. Os longas “Ninfomaníaca” e “Azul é a Cor Mais Quente” chamaram atenção do público por conter cenas de sexo explícito. O segundo chegou a ter a distribuição em Blu-Ray proibida no Brasil.

TV
• “Game of Thrones” foi eleita a série mais pirateada da vez pelo segundo ano consecutivo. Além disso, os fãs receberam a notícia de que poderiam aprender a falar a língua inventada por George R. R. Martin. O Dothraki passou a ser ensinado em um curso de conversação lançado pela editora Living Language. 

Cultura
• A tradicional Feira do Livro de Porto Alegre completou seu 60º aniversário. O evento teve mais de 1,5 mil atrações. 
• Neste ano, também chegou ao fim a primeira fase de restauração da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). Foram investidos mais de R$ 8 milhões na obra, considerada a mais importante desde a inauguração do local, em 1900. 

Exposição
• A vida e a obra de Lupicínio Rodrigues foram lembradas em várias ações culturais ocorridas em Porto Alegre no mês de setembro. A cidade comemorou o centenário do cantor e compositor (1914-1974). 
• A mostra "100 Anos Iberê Camargo - Uma Homenagem” celebrou o centenário do nascimento do artista. A visitação teve início em novembro e ainda pode ser conferida pelo público sempre de segunda a sexta, das 9h30min às 18h30min, e aos sábados, das 9h30min às 13h30min, até o dia 25 de março. 
• Um dos mais prolíficos e múltiplos artistas plásticos do RS, Vasco Prado, também teve o seu centenário marcado por homenagens e exposições no decorrer de 2014 em Porto Alegre. 

Despedidas

  O ano de 2014, no entanto, não vai deixar saudade em praticamente todos os segmentos da cultura. Para a literatura, o teatro, o cinema e a música, foi um período de grandes perdas. Confira algumas personalidades expressivas que deixaram um vazio em suas áreas:

Eduardo Coutinho (11 de maio de 1933 — 2 de fevereiro de 2014)
Philip Hoffman (23 de julho de 1967 — 2 de fevereiro de 2014)
Nico Nicolaiewsky (9 de junho de 1957 — 7 de fevereiro de 2014)
Paulo Goulart (9 de janeiro de 1933 – 13 março de 2014)
José Wilker (20 de agosto de 1944 — 5 de abril de 2014)
Gabriel Garcia Marquez (6 de março de 1927 — 17 de abril de 2014)
Jair Rodrigues (6 de fevereiro de 1939 — 8 de maio de 2014)
João Ubaldo Ribeiro (23 de janeiro de 1941 – 18 julho de 2014)
Ariano Suassuna (16 de junho de 1927 — 23 de julho de 2014)
Fausto Fanti – Hermes & Renato (20 de outubro de 1978 - 30 de julho de 2014)
Robin Willians (21 de julho de 1951 —11 de agosto de 2014)
Hugo Carvana (4 de junho de 1937 – 4 de outubro de 2014)
Luciano Leindecker (1975 - 21 de novembro de 2014)
Roberto Bolaños (21 de fevereiro de 1929 — 28 de novembro de 2014)

Fonte: Correio do Povo

sábado, 6 de dezembro de 2014

Portal reúne o maior acervo virtual sobre a ditadura militar no Brasil

 Ana Wanzeler esteve presente no lançamento do Portal Memórias da Ditadura,  idealizado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (Foto de Elisabete Alves)
 
5.12.2014  - 15:31
 
Preservar a memória de um período autoritário e cruel vivido por muitos brasileiros, de 1964 a 1985, é uma das funções do Portal Memórias da Ditadura, lançado nesta sexta-feira (5) pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), no auditório do Ministério da Educação em Brasília.
 
O portal, produzido pelo Instituto Vladimir Herzog em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a SDH/PR, apresenta informações sobre a história da ditadura militar e dos movimentos resistentes, documentários, livros, mapas e depoimentos. 
 
Para o diretor do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, filho do jornalista torturado e assassinado pelo regime militar, o portal, que levou um ano para ficar pronto e contou com uma equipe de mais de 20 especialistas, aborda a ditadura de forma ampla. "A ideia é criar um ambiente referência da história da ditadura do Brasil". 
 
A cultura do período pode ser amplamente vista nos filmes lançados na época e sobre a ditadura, disponíveis no site. No lançamento, a ministra da Cultura interina, Ana Cristina Wanzeler, elogiou a iniciativa, pois lembrou que, quando era estudante, tinha dificuldade de acesso a essas produções e falou da importância da preservação dessa memória. "Esperamos sempre que o conhecimento da História sirva de aprendizado para que possamos evitar uma repetição de erros do passado. Lembrando a canção ‘Vai Passar', de Chico Buarque, é fundamental para a democracia e para o futuro do Brasil que as violações dos Direitos Humanos não sejam ‘passagens desbotadas na memória das nossas novas gerações'. A cultura tem essa contribuição para dar, e este é nosso norte para as políticas públicas de fomento no Ministério da Cultura", afirmou a ministra.
 
O site traz, ainda, uma área de apoio a educadores, com planos de aula, material didático e sugestões diversas sobre o ensino do tema.  A ideia é servir de subsídio para professores. "A democracia começa a ser construída a partir da escola pública (...) não é uma história positiva, mas podemos fazer uma grande reflexão", defendeu o ministro da Educação, José Henrique Paim. 
 
A secretária de Políticas para as Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, emocionou os presentes com seu discurso, lembrando que foi torturada e presa junto com a presidenta Dilma Rousseff.  Eleonora foi ovacionada de pé. "Só nós que vimos sangue ser derramado, vidas sendo perdidas e tivemos nossos corpos manchados pela ditadura, sabemos o que foi esse período (...). Esse portal é o instrumento mais vivo e concreto para que a memória não se apague". 
 
O lançamento integra a Quinzena pelos Direitos Humanos, promovida pela SDH/PR, em reconhecimento ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de dezembro.
 
 
 
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura 
 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Notas do IPMS

Presença de membros do IPMS em Arroio do Sal nesta terça-feira, dia 02 de dezembro de 2014.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Exposição em Porto Alegre homenageia Iberê Camargo

Um dos maiores nomes das artes plásticas do Brasil completaria 100 anos este mês. Em Porto Alegre, uma exposição reuniu trabalhos de artistas contemporâneos que se misturam a obras de Iberê Camargo.
São os carretéis gigantes que tanto encantaram Iberê Camargo que recebem quem chega à exposição. O prédio em sua homenagem fica às margens do Guaíba, um dos lugares mais lindos de Porto Alegre. E foram os carretéis da mãe costureira, as bicicletas que via passar e as pessoas com suas atitudes que serviram de inspiração para o artista.

Iberê Camargo também pintou em suas telas a tristeza, a melancolia, o vazio da alma. Mas os dramas existenciais tingidos de cores escuras e, às vezes, obscuras encantaram tanto que ele foi consagrado como um dos maiores e mais importantes artistas brasileiros.

Entre os 70 quadros de Iberê, outras obras de artistas brasileiros estão expostas. Eles foram convidados para mostrar como a arte de Iberê é contemporânea, apesar de ter sido feita em outro tempo.

“Eu acho que ele gostaria do desafio de ver como a sua obra resiste hoje enquanto obra, com as suas qualidades, já no século 21 e ao mesmo tempo em diálogo com obras desses artistas de modo geral mais jovens que ele”, diz Icleia Catanni, curadora da exposição.

E são muitas interpretações. Que relação pode haver entre os carretéis de Iberê e uma mesa de Francisco Klinger? E o que dizer do encontro dos ciclistas de Jarbas Lopes com as bicicletas de Iberê?

O próprio artista, morto em 1994, tinha uma definição para o desafio de fazer arte: “Não importa correr todos os riscos. É preciso chegar. É preciso dizer.”
 Fonte: Jornal Nacional

Arte latino-americana bate recordes em Nova York

'Hacia la Torre', de Remedios Varo. / AP
Fragmento do mural 'Rio Juchitán', de Rivera / AP


“Vamos, que tenho mesa reservada para jantar”, lançou em tom de brincadeira a porto-riquenha Gabriela Palmieri, responsável pelo primeiro dos três leilões de arte latino-americana que acontecem por estes dias na Sotheby's de Nova York, depois de fixar um preço de venda de 509.000 dólares (cerca de 1,288 milhão de reais) por um autorretrato do mexicano David Alfaro Siqueiros. Ficavam ainda por leiloar 19 dos 40 lotes da coleção do falecido magnata mexicano Lorenzo Zambrano, uma das melhores do continente, em uma noite de recordes que deixou, também, um certo sabor agridoce.

O leilão, o maior de arte latino-americana de um só colecionador e o que mais dinheiro arrecadou até hoje 17,6 milhões de dólares (44,4 milhões de reais), permitiu vender 85% dos lotes e estabeleceu recordes de cotação para doze dos artistas representados, a maioria deles da primeira metade do século passado. Duas mulheres, a espanhola naturalizada mexicana Remedios Varo e a inglesa naturalizada mexicana Leonora Carrington foram as principais atrações da noite.

Hacia la Torre, de Remedios Varo, uma das melhores obras da coleção, foi vendida por 4,3 milhões de dólares, muito acima do preço estimado (2,5/3,5 milhões), depois de uma árdua e emocionante batalha entre três interessados. É o segundo preço mais alto alcançado por uma artista latino-americana em um leilão. O recorde pertence à também mexicana Frida Kahlo. Las Tentaciones de San Antonio, de Carrington, foi adquirida por 2,6 milhões.

O “acidente” da noite, como qualificou o comissário de arte latino-americana da Sotheby’s, Axel Stein, aconteceu com a obra mais importante da coleção Zambrano, o monumental mural Río Juchitán, de Diego Rivera, formado por quatro blocos que não puderam ser mostrados em Nova York. A obra não foi vendida em virtude do poder da casa de leilões de se recusar a fazê-lo caso as ofertas não alcançassem o preço de reserva fixado com os vendedores. O preço de reserva de Río Juchitán superava os 6 milhões de dólares. A oferta mais alta foi de 4,9 milhões.

Circunstância semelhante envolveu outra das maravilhas do catálogo, Naturaleza Muerta, de Rufino Tamayo. Seu preço estimado estava em torno dos 4 milhões, mas a oferta mais alta ficou em 2,4. O fracasso na venda dessas duas obras-primas fez com que a arrecadação total ficasse em 17,6 milhões de dólares, embora a Sotheby's tivesse calculado um valor superior aos 30 milhões. Também ficaram sem vender obras de menor valor de María Esquerdo, Fernando Botero e Javier Marín. No total, foram vendidos 34 dos 40 lotes. Esse primeiro leilão, intitulado Uma visão de grandeza, será sucedido por outro da mesma coleção, em maio, com mais 30 obras.

 “Estou satisfeito. Nas atuais circunstâncias, foi um bom leilão. E o mural de Rivera será vendido mais adiante, estou convencido. O problema hoje é que o mural era muito caro para os clientes que concorreram”, explicou Stein. “Em todo caso, fomos testemunhas de uma venda histórica, com colecionadores lutando para comprar uma parte da maravilhosa coleção Zambrano, cheia de tesouros da metade do século passado, obras-primas do surrealismo e a maior coleção de autorretratos de artistas latino-americanos vista em um leilão”, acrescentou.

Entre os artistas que tiveram a cotação muito melhorada estão Rodolfo Neto (La Raison du Plus Fort), Tomas Sánchez (Meditador y Laguna Escondida en el Bosque), Rodolfo Morales (Canasta de Flores), Julio Galán (Naturaleza Muerta), Ángel Zárraga (Futbolistas en el Llano), Carlos Mérida (Autorretrato), Ana Mercedes Hoyos (Mural en Tres Partes), Armando Morales (Selva Tropical), Jorge González Camarena (Proyecto para el Mural de la Constitución de 1917), Juan Soriano (Retrato de Lola Álvarez con Juan Soriano Niño) e Roberto Montenegro (Autorretrato en Bola de Cristal).Algumas peças do primeiro lote, obras de Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e José Clemente Orozco são consideradas patrimônio nacional mexicano, por isso foram vendidas a colecionadores radicados no México.

Stein considera que a legislação mexicana é uma “prisão” para a arte. De fato, a lei federal mexicana sobre monumentos e zonas arqueológicas, artísticas e históricas vai contra a UNESCO e sua lei de livre circulação de obras de arte, conforme afirma o comissário da Sotheby's.



A maior parte das obras foi adquirida na segunda-feira por colecionadores dos Estados Unidos, México, Canadá, Inglaterra, Venezuela e Colômbia. Nenhum deles quis se identificar.

Lorenzo Zambrano, ex-presidente da Cemex, uma das maiores cimenteiras do mundo, que morreu em maio em Madri de ataque cardíaco durante uma viagem de negócios, tinha uma das melhores coleções de arte da América Latina. O magnata, uma das principais fortunas do México, acumulou obras de artistas do século XX. Para os críticos, a coleção tem um fio condutor indiscutível: a profundidade e a espiritualidade do ser humano.

Além do grande mural de Diego Rivera, destacam-se pinturas e uma escultura de outro mexicano, Rufino Tamayo, além de obras de José Clemente Orozco, David Alfaro Siqueiros e outros como Roberto Montenegro e Juan Soriano. Também há peças de estrangeiros do século XIX, como o norte-americano Conrad Wise Chapman. Além disso, foram leiloadas obras dos cubanos Wilfredo Lam e Tomás Sánchez, dos colombianos Fernando Botero e Ana Mercedes Hoyos, do venezuelano Armando Reverón, do chileno Claudio Bravo, do nicaraguense Armando Morais e do guatemalteco Carlos Mérida.

Zambrano não era casado e não teve filhos, por isso o lucro dos leilões irá para a sua família. Entre suas principais paixões estavam colecionar arte e apoiar o mundo da cultura, principalmente em sua cidade natal, Monterrey, onde era membro do conselho do Museu de Arte Contemporânea da cidade. Ao lado do amigo Gabriel García Márquez, criou o prêmio concedido pela Fundação Novo Jornalismo Ibero-americano, do também falecido escritor colombiano. Gabo chamava Lorenzo Zambrano de O Magnífico.

Por seu lado, a Christie's realizou na segunda-feira a primeira das duas jornadas consecutivas de leilões de arte latino-americana. A melhor obra era do mexicano Ramos Martínez, Mujer con Flores, com preço estimado entre 2 e 3 milhões de dólares. Foi arrematada por 2 milhões.

A Christie's também vendeu um lote de duas enormes estátuas de bronze do colombiano Fernando Botero, Adán y Eva, vendidas por 2,5 milhões de dólares, um recorde mundial do artista em um leilão. Um óleo de Botero, Homenaje a Bonnard, com preço estimado entre 800.000 dólares e 1,2 milhão, não foi vendido porque não alcançou o valor mínimo previsto. O primeiro dia do leilão de arte latino-americana da Christie's terminou com um total de vendas de 20,18 milhões de dólares.

 Fonte: El País