Os bens culturais deixaram de ser um investimento de elite. Pelo contrário, são actualmente activos acessíveis e disputados em mercados competitivos de todo o mundo. No entanto, ao contrário dos produtos financeiros, a informação sobre este tipo de bens continua a estar encerrada num círculo restrito de conhecedores. Semanalmente, o Negócios irá contrariar esta tendência, revelando a informação privilegiada de um verdadeiro "insider"*, que, finalmente, acedeu a partilhar o que sabe.
Não nos é possível viver sem heróis, penso eu desde a adolescência, e talvez ainda mais nos dias de hoje, por razões que é desnecessário partilhar neste humilde espaço. A função mais conhecida dos heróis é a de nos fazerem sonhar, mas creio que há outras tão importantes. Ver o trabalho de um herói ilumina-nos, transforma-nos, faz-nos ser mais do que aquilo que alguma vez pensamos ser capazes de ser. É como se tivéssemos alguém a gritar por nós, que nos leva a eliminar todos os obstáculos. Os meus heróis foram sempre os "Originais" do Special Air Service (SAS), os soldados britânicos que criaram a primeira unidade especial militar, que combateram, primeiro, no deserto, através do Long Rang Desert Group, e depois numa série de missões até aos dias de hoje, especialmente contra o terrorismo. O que eles fizeram e fazem é absolutamente brilhante, mas apesar disso existiram sempre poucos registos das suas actividades, especialmente escritos.
Este enorme buraco de conhecimento e iluminação foi agora eliminado com a publicação, pelas Extraordinary Editions, uma casa britânica, do "SAS Wartime Diary 1941- 1945". O livro reúne todos os documentos oficiais da fundação do regimento, para começar. Mas o que é verdadeiramente fascinante é que partilha a história oficial, a partir dos relatórios dos homens do SAS, das primeiras missões. Como objecto, a edição é verdadeiramente notável, reunindo replicações dos relatórios, dos mapas, e fotografias dos operacionais. Mas a Extraordinary Edition quis estar à altura do documento que lhe foi confiado. Assim, a edição é de luxo, em várias versões, a mais cara vem numa réplica de uma caixa de munições, que constituem bons motivos de investimento. Foram feitas apenas 3450 cópias, com preços que vão dos 1200 euros aos 3000 euros. Toda a informação pode ser consultada em www.saswardiary.co.uk. Não tenho qualquer hesitação em considerar este livro como uma prioridade da liquidez disponível.
Um bom trabalho
No mundo saturado da moda e dos objectos utilitários, como são as carteiras e bolsas para objectos tecnológicos, há, afinal, sempre lugar para operações inovadoras. A Lapàporter (www.lapaporter.de), uma empresa de Berlim, surpreendeu-me com as suas propostas neste campo. Um design verdadeiramente único, materiais nobres e raros e, principalmente, edições extremamente limitadas ou "bespoken", a um nível global. Os objectos, das capas para computadores portáteis a bolsas para iPhone, são fantásticos, e, ao mesmo tempo, singulares. Um bom investimento, acredito.
*Nota ao leitor:
Peregrino Santa Clara tem um percurso relativamente raro para um cidadão português. Filho de um almirante português e de uma inglesa pertencente a uma das famílias mais poderosas da "City" londrina, Peregrino iniciou os seus estudos superiores em Oxford, a que se seguiu um mestrado em finanças em Harvard. No início dos anos 60, com pouco mais de 20 anos, foi contratado por uma casa de investimentos de Wall Street, como director de pesquisa. Poucos anos depois, passou a "partner", responsável pela Europa. A sua actividade obrigou-o a estadias constantes em Londres, Zurique, Paris e Milão, para além do Luxemburgo. As deslocações profissionais permitiram-lhe aprofundar um prazer de família: a investigação e o investimento em bens culturais.
Hoje, no ocaso da sua vida, Peregrino decidiu quebrar o seu valor mais precioso, o da discrição total, e partilhar com os leitores do Negócios os conhecimentos que adquiriu. Os textos são escritos na primeira pessoa para melhor reprodução do um olhar singular sobre os mundos a que só os iniciados têm acesso. JV
Peregrino Santa Clara tem um percurso relativamente raro para um cidadão português. Filho de um almirante português e de uma inglesa pertencente a uma das famílias mais poderosas da "City" londrina, Peregrino iniciou os seus estudos superiores em Oxford, a que se seguiu um mestrado em finanças em Harvard. No início dos anos 60, com pouco mais de 20 anos, foi contratado por uma casa de investimentos de Wall Street, como director de pesquisa. Poucos anos depois, passou a "partner", responsável pela Europa. A sua actividade obrigou-o a estadias constantes em Londres, Zurique, Paris e Milão, para além do Luxemburgo. As deslocações profissionais permitiram-lhe aprofundar um prazer de família: a investigação e o investimento em bens culturais.
Hoje, no ocaso da sua vida, Peregrino decidiu quebrar o seu valor mais precioso, o da discrição total, e partilhar com os leitores do Negócios os conhecimentos que adquiriu. Os textos são escritos na primeira pessoa para melhor reprodução do um olhar singular sobre os mundos a que só os iniciados têm acesso. JV
Fonte:http://www.jornaldenegocios.pt/especiais/weekend/detalhe/2012_11_30_revelacao_de_herois.html acesso em 30/11/2012.