sábado, 24 de agosto de 2013

Domingo é dia de Beatles em Porto Alegre

Espetáculo “All You Need Is Love” volta ao Teatro do Bourbon Country

O espetáculo “All You Need Is Love” volta ao Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, para lançar DVD gravado ao vivo na Inglaterra, às 20h deste domingo. A exibição é dividida em dois momentos: o primeiro se passa no cenário que reproduz o Cavern Club, e o repertório é baseado nos maiores sucessos de 1960 e 1964, época da explosão da beatlemania no mundo. Entre as músicas escolhidas estão as conhecidas “Money” e “Long Tall Sally”.

Na segunda parte, em cena, um megacenário reproduzindo os estúdios Abbey Road em 360 graus, e outros cenários que mudam de acordo com as músicas. O grupo interpreta clássicos, como “Come Together” e “Darling”. Para reviver as trilhas com fidelidade são usados instrumentos vintage e figurinos de todas as fases da banda, além de projeções.
Foi o próprio The Cavern Club que convidou o grupo para tocar no local, considerado um feito inédito para uma banda que toca Beatles. Depois do quinteto, ninguém além de Paul McCartney gravou lá dentro. E o All You Need Is Love é a único grupo com autorização para comercialização do material.

Fonte: Correio do Povo

Obras do Cais alteram estrutura da 59ª Feira do Livro

O início das obras no Cais Mauá vai provocar mudanças na estrutura da 59ª Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorre de 1º a 17 de novembro. Ao contrário dos anos anteriores, a Área Infantil e Juvenil do evento não irá funcionar na beira do rio, mas na Avenida Sepúlveda (entre Avenida Mauá e Rua Siqueira Campos). Ali estarão o Teatro Sancho Pança, o Centro Cultural Móvel do Sesi, o QG dos Pitocos, a Biblioteca Moacyr Scliar, a Estação da Acessibilidade e as barracas dos livreiros, além de estandes institucionais de apoiadores. 

A Casa do Pensamento estará localizada na Rua Capitão Montanha, entre o Banrisul e o Museu de Arte do RS Ado Malagoli (MARGS). Já o ciclo A Hora do Educador, que também ocorria no Cais, terá atividades na Casa do Pensamento, no auditório da Livraria Paulinas (Rua dos Andradas, 1212, próximo à Rua General Câmara) e na Faculdade Monteiro Lobato (Rua dos Andradas, 1180, esquina com a Rua General Câmara). 

A Área Internacional, que tradicionalmente ocupa a Avenida Sepúlveda, ficará entre o Memorial do RS e o MARGS. Haverá, ainda, encontros com autores, para público jovem, na Tenda de Pasárgada (Rua Cassiano Nascimento, entre a Siqueira Campos e a Praça da Alfândega, nos turnos da manhã e tarde, seguidos de atividades para adultos, que ocorrerão, também, no Santander Cultural e no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.
A montagem dos espaços terá início em outubro. No total serão 104 expositores na Área Geral, 12 na Área Internacional e nove na Área Infantil e Juvenil.
Fonte: Zero Hora

Porto Alegre recebe mostra de fotógrafos alemães


Exposição inaugura nesta quinta-feira no Museu de Arte Contemporânea do RS

Fotos de Laurenz Berges fazem parte da mostra em cartaz no MACRS<br /><b>Crédito: </b> CCMQ / Divulgação / CP
Fotos de Laurenz Berges fazem parte da mostra em cartaz no MACRS
Crédito: CCMQ / Divulgação / CP
O trabalho de dez fotógrafos alemães contemporâneos pode ser conferido na exposição  “Apresentação/Representação”, com abertura nesta quinta-feira, dia 22h, a partir das 19h, no Museu de Arte Contemporânea do RS, localizado no sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), em Porto Alegre. Todos os artistas fazem parte da geração que tem hoje cerca de 40 anos de idade e realizam há mais de dez anos seu trabalho artístico.

Os integrantes são Laurenz Berges, Albrecht Fuchs, Karin Geiger, Claus Goedicke, Uschi Huber, Matthias Koch, Wiebke Loeper, Nicola Meitzner, Peter Piller e Heidi Specker. Com curadoria de Thomas Weski, os trabalhos abrangem desde obras com origem exclusivamente digital até as séries de fotos que seguem a tradição autoral.

Muitos deles viveram e trabalharam tanto no Oeste quanto no Leste da Alemanha. Este desenvolvimento é caracterizado pelo ganho de importância que teve a Faculdade de Artes Gráficas e do Livro de Leipzig, paralelamente à Academia de Artes de Düsseldorf. Depois da atividade artística no campo da fotografia ter sido marcada por muito tempo pela primeira geração de ex-alunos de Bernd Becher da Academia de Artes de Düsseldorf, em dez anos se formou uma cena fotográfica viva e heterogênea, que não pode ser vinculada a uma única instituição de ensino ou região.

Em uma fase de transição do meio analógico para o digital e também das consequentes transformações técnicas, surge uma nova relação entre o meio fotográfico e a autenticidade, desde sempre ligada à fotografia. Os fotógrafos selecionados refletem a situação transformada por meio de uma construção de autenticidade que foi conscientemente estabelecida de maneira subjetiva.

Em seus trabalhos individuais, eles se desprendem do caráter comprobatório da fotografia documentária tradicional. Suas imagens se alternam entre a representação do mundo e a apresentação artisticamente fundamentada do mesmo, que se expressa em imagens individuais e permite conscientemente a dúvida. A exposição de fotografia alemã contemporânea do Instituto de Relações com o Exterior (IFA) pretende neste ponto traçar uma linha transversal e reunir dez fotógrafos em um diálogo. Estes se estendem desde obras surgidas de maneira puramente digital até séries de imagens fotográficas, cujos autores se sentem comprometidos com a tradição da fotografia autoral. Assim as diferentes propostas de trabalho artístico que investigam a relação com a realidade são apresentadas e confrontadas, tornando claras as respectivas criações imagéticas individuais.

A mostra é uma realização do Instituto de Relações Exteriores, dentro das comemorações da “Temporada Alemanha + Brasil 2013-2014”, em conjunto com MACRS e Goethe-Institut. Visitação pode ser feita nas segundas, das 14h às 19h; nas terças a sextas, das 10h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h.

 
Fonte: Correio do Povo

Historiadores divididos em relação à regulamentação da profissão

Milton Ribeiro
Alberto da Costa e Silve é membro da ABL | Foto: flip.org.br
Alberto da Costa e Silva participou das homenagens a Gilberto Freyre na Flip 2013 | Foto: flip.org.br

Alberto da Costa e Silva participou das homenagens a Gilberto Freyre na Flip 2013 | Foto: flip.org.brO maior especialista brasileiro em História da África negra é o diplomata Alberto da Costa e Silva. Se o atual projeto de regulamentação da profissão de historiador for implantado – o PL 4699/2012, ora em tramitação na Câmara dos Deputados (aqui, o texto completo) –, talvez Costa e Silva passe pelo constrangimento de ver alguns periódicos recusarem seus trabalhos ou de que editoras universitárias os evitem. Afinal, ele não tem formação específica na área de História. Mas não se trata de um problema restrito a Costa e Silva. As vítimas secundárias seriam todos os profissionais que ensinam, por exemplo, História da Arte, Literatura, Medicina, etc. e que têm formação em suas áreas específicas e não em História. O historiador Éder Silveira posiciona-se contra o PL opinando: “A história foi construída a partir dos empréstimos de outros campos de conhecimento. Se há uma identidade, ela está na multiplicidade, o que, além de uma característica teórica, é um elemento que deixa o projeto ainda mais bisonho”.
O PL 4699 já foi aprovado pelo Senado Federal. Tomado ao pé da letra, não seriam considerados historiadores alguns dos mais qualificados pesquisadores brasileiros, reconhecidos pela excelência de suas obras. Figuras como Boris Fausto, Evaldo Cabral de Mello, José Honório Rodrigues, Sérgio Buarque de Holanda, Pedro Calmon e Raymundo Faoro, por exemplo.
Na prática, o PL prevê a atuação de historiadores em todas as áreas que tenham relação com história, impondo uma reserva de mercado aos diplomados e condenando à clandestinidade profissional centenas de professores e investigadores que atuam na história de seu próprio campo de estudo.
Por outro lado, os defensores da regulamentação têm argumentação bem mais pastoral: o PL visaria defender professores com formação adequada no ensino fundamental, evitando aqueles que não conhecem as metologias científicas de abordagem histórica e, principalmente, o empirismo.
No último dia 19, a Associação Nacional de História (ANPUH) publicou uma moção de apoio ao PL 4699. Diz ela que a demanda por uma lei deste tipo é antiga e se apoia em dois argumentos principais: a necessidade de criar condições legais para contratação de historiadores para órgãos públicos, como arquivos, bibliotecas, museus, instituições de preservação cultural, etc; e a intenção de evitar que pessoas sem formação específica lecionem a disciplina História nos Ensinos Fundamental e Médio.
Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“Pode o desenvolvimento da investigação histórica ser tolhido de toda a sociedade não diplomada?” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O historiador Francisco Marshall diz que com a aprovação do PL haverá um grande número de atuações nas áreas patrimonial, de conservação e restauro, museológica, editorial e de avaliação científica, temática ou não, que seriam interditadas, tornadas exclusivas. Segundo ele, outras vítimas seriam os jornalistas: “Eles são alvos reais do projeto, declarados nas ocasiões em que os defensores argumentam. São os jornalistas que escrevem História com um sucesso inaceitável, abominável”.
Segundo Marshall, “a questão central deveria ser sobre a natureza e a potência do conhecimento histórico. Há um método que se aprende apenas tirando diploma? A posse deste método assegura grau superior e exclusivo para o exame do passado? Esta exclusividade resulta em bem social? Pode o desenvolvimento da investigação histórica ser tolhido de toda a parcela da sociedade não diplomada, e confiada a uma guilda de fornecedores do conhecimento?”.
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Tania Regina de Luca: “O que está gerando polêmica é o terceiro grau” | Foto: unesp.br
Tania Regina de Luca, vice-presidente da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) defende o projeto: “O projeto é muito simples: ele regulamenta quem tem o direito de exercer a profissão de historiador. Em nenhum momento o projeto regulamenta quem vai escrever sobre história. Vou dar um exemplo: precisamos de professores para o ensino fundamental e médio no Brasil. Quem poderá dar aula no ensino fundamental e médio? Exclusivamente uma pessoa que tenha graduação, mestrado ou doutorado. No caso, o que o projeto de lei está dizendo é que para a pessoa dar aula no ensino fundamental e médio ela terá que ter tido uma formação de historiador. O que está gerando polêmica é o terceiro grau, as pessoas que dão aula de história da arte, história da matemática, história da ciência e assim por diante. Se nós tomarmos o projeto ao pé da letra, essa pessoa efetivamente não poderia dar aulas se não tivesse graduação, mestrado ou doutorado em história”.
Sobre o caso dos jornalistas que escrevem sobre história, Tania garante que não haverá nada que os impeça: “Você é um jornalista de Porto Alegre e resolve escrever a história de Porto Alegre. Isso absolutamente o projeto não vai vetar. Ele não tem nenhuma intenção de regulamentar a escrita da história. Qualquer indivíduo continuará podendo, sendo formado em qualquer coisa ou não sendo formado, escrever sobre história. Então existe um mal-entendido sobre o mercado editorial, pois em nenhum momento o projeto diz uma palavra sobre o assunto”.
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SBHC: Projeto restritivo ou vago
Hoje, no Brasil, os professores que ministram as aulas de História da Arte, por exemplo, têm formação nos cursos superiores de Artes. Esses trânsitos indicam uma interdisciplinaridade já instalada entre diferentes áreas. Para a Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC), o entendimento é o de que a proposta não prevê com clareza casos específicos como os dos historiadores das ciências, assim como dos historiadores da educação, da arte, entre outros, que possuem nos seus quadros profissionais com larga experiência, mas sem diplomas específicos. Para a SBHC, com a nova lei, muitos deles poderão vir a ser excluídos ou prejudicados. Em carta aberta divulgada no início de julho, a entidade alega não ser contrária à regulamentação da profissão, mas que o texto do Projeto, na forma em que está, não prevê com clareza a prática da atividade. Ora ele é definido como “restritivo”, ora como “vago”.
Tania rebate: “O que nós estamos preocupados, enquanto Associação Nacional da História, é regulamentar a condição da profissão do historiador. Nós estamos preocupados em primeiro lugar com o ensino fundamental e médio e com uma série de situações concretas. Em função de não existir a regulamentação, não pode haver um concurso público, por exemplo, em órgãos públicos como um museu, um centro de documentação, um arquivo, porque não existe a profissão de historiador. Existe a profissão de bibliotecário e de arquivista. Se a prefeitura de Porto Alegre quiser abrir um concurso pra contratar historiadores para o centro de documentação que a prefeitura tem ou para um arquivo, legalmente esse concurso vai enfrentar uma série de problemas porque não existe a figura jurídica regulamentada do historiador. Essa é a nossa preocupação. Reconhecer que existe uma especificidade de formação que é ser historiador. O nó continua sendo exclusivamente no ensino superior”.
Num debate em que um lado parece não desejar ouvir o outro, a Federação de Arte Educadores do Brasil redigiu, em 4 de agosto deste ano, um manifesto em que sugere uma solução. Este afirma e propõe que “não se pode legislar em prol da unilateralidade e do confisco do direito à construção e à narração de sua própria história. Por esse motivo, propõe-se que além das qualificações já existentes para o perfil do historiador no PL 4699/2012, seja acrescentado um item com semelhante teor: “profissionais do ensino e da pesquisa dedicados à investigação histórica de sua própria área de conhecimento e atuação (arte, ciência, educação, filosofia, direito, etc.), também serão considerados historiadores nos termos da presente lei”.
Isto resolve o problema desta e outras associações, mas, ao que tudo indica, o “Ato Médico” dos historiadores ainda vai dar muito pano para manga.
Fonte: Sul21

MinC libera R$ 20 milhões para doze museus

FLAVIA GUERRA - O Estado de S.Paulo
Foi divulgada ontem a lista de doze museus brasileiros que receberão patrocínio da Petrobrás, no valor total de R$ 20 milhões, entre 2013 e 2014, para que possam revitalizar suas instalações e se requalificar para o período da Copa do Mundo. Parte da ação cultural do Ministério da Cultura para o evento, a iniciativa se agrega a outras ações e investimentos anunciados pelo Minc, como o Concurso Cultura 2014.
"Com este incentivo, os museus poderão ser reformados, revitalizados e inclusive investir em suas exposições", diz a ministra da Cultura Marta Suplicy ao Estado. "São museus da União que receberão esta verba direta da Petrobrás, e estavam precisando muito de uma restruturação para se prepararem para receber os visitantes que a Copa e as Olimpíadas vão trazer."
Além da reforma estrutural de instituições como o Museu Lasar Segal em São Paulo, há previsão de que museus passem a utilizar, por exemplo, recursos em audioguias e material trilíngue.
Entre as novidades, está a criação do Portal dos Museus, um site de busca. "Este é um assunto muito interessante. Por ora, vai concentrar sua atenção nas cidades da Copa, mas num futuro próximo vai contemplar todos os museus brasileiros", informou a ministra. Realizado em parceria com a a Brasiliana Digital/USP, o projeto receberá R$ 1 milhão.
Entre os contemplados, também estão o Museu Imperial de Petrópolis, o mais visitado do País, que irá receber R$ 5 milhões. "É uma quantia importante, pois há uma grande necessidade de melhoria. Isso vai ser muito significativo", disse Marta.
Todos as instituições contempladas estão a um raio de 200 quilômetros das cidades-sede do mundial. "É uma lista de museus nos quais nós achávamos que era urgente investir. Não privilegia todas as cidades da Copa. Mas 44 cidades históricas estão sendo privilegiadas em outros projetos. R$ 1,9 bilhão ao todo estão sendo investidos na revitalização e preparação cultural e turística das cidades brasileiras."
O Rio de Janeiro terá cinco museus beneficiados. Dois deles em Petrópolis. Além do Museu Imperial, o Palácio Rio Negro, antiga residência oficial dos presidentes da República, com R$ 2milhões. Na capital, o Museu da República, com R$ 1milhão, e o Museu Chácara do Céu, com R$ 2milhões, entram na lista. Ainda no estado, em Paraty, o Museu de Arte Sacra irá receber R$ 700mil.
Em Juiz de Fora, o Museu Mariano Procópio, que detém importante acervo da época do império, irá receber R$ 2milhões. Já o Nordeste terá quatro de seus museus contemplados: Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, que ganha revitalização e requalificação da exposição de longa duração; Museu da Cidade do Recife, em Olinda; Pinacoteca do Palácio de Cultura, em Natal; e o Museu Nacional de Cultura Afro-brasileira, que será criado em Salvador.
Fonte: Estadão

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Exposição no Senado reúne arte sobre papel artesanal botânico

Marco Antonio Reis

Impressão fotográfica sobre papel botânico, de Gilberto Lopes: união de arte e sustentabilidade
Casca de pinhão, folhas de samambaia, lírio do brejo e flores em geral. Tudo isso vira papel. E papel, vira arte. Essa é a equação simples que move o projeto “O Papel das Vilas”, cujos resultados podem ser vistos em exposição que vai até o dia 30 de agosto, na Senado Galeria.
O projeto se baseia na riqueza vegetal de Visconde de Mauá, no sul fluminense, para produzir papel artesanal botânico, em folhas de diversas cores e texturas, matéria básica para a expressão de 93 artistas plásticos e fotógrafos.
- A ideia é usar papel reciclado não industrial, agindo localmente. Todo o material está à disposição nos quintais das vilas de Visconde de Mauá – explica Márcia Patrocínio, diretora do Centro Cultural de Mauá, uma das responsáveis pela exposição itinerante que, desde 2009, já esteve em mais de 20 locais diferentes, incluindo a Conferência Rio+20, sobre o Clima, em 2012.
Todos os trabalhos expostos no Senado foram feitos com papel produzido por Maurício Rosa. O material é a plataforma para pintura, colagem e impressão fotográfica, entre outras possibilidades. O artista e papeleiro, como ele gosta de ser chamado, recolhe os elementos que vão desde plantas nativas da mata atlântica, como a hortênsia e a macela do campo, até materiais destinados ao lixo, como cascas de cebola.
- A pesquisa de resgate do papel artesanal no Brasil tem 30 anos e o projeto nasceu das comemorações desse trabalho que vai além da exposição, porque envolve a comunidade, fomentando uma cultura para a região - afirma.
O papel botânico artesanal pode ser feito a partir de fibras vegetais ou com a planta por inteira. Maurício Rosas também trabalha com o papel reciclado convencional, produzido pela indústria, ao qual são acrescentadas plantas da serra da Mantiqueira, onde se localiza Mauá.
Visconde de Mauá é um distrito rural no município de Resende, a cerca de 200 quilômetros do Rio. É a principal vila da região, que engloba também Maringá e Maromba, e onde vivem cerca de 6 mil pessoas. A localidade, a 1.200 metros de altitude, encravada na área de preservação ambiental da serra da Mantiqueira, tem as temperaturas mais baixas do estado, atraindo turistas e pessoas interessas em fixar residência e levar uma vida mais próxima da natureza.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Cruz encontrada em Camaquã pode ter sido de igreja das Missões


Artefato estava em uma capela e tem características que combinam com a cruz desaparecida de São Miguel das Missões
Cruz encontrada em Camaquã pode ter sido de igreja das Missões Bruno Alencastro/Agencia RBS
O téologo Édison Huttner mede a cruz, de 2m24cm de altura por 1m11cm
Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS
Bruno Felin
bruno.felin@zerohora.com.br
Da arte espanhola de trabalhar com ferro surgiu uma cruz que ocupou o campanário da Igreja de São Miguel das Missões, edificada no século 18. Trata-se de um objeto dado como perdido por historiadores e arqueólogos e que, talvez, agora tenha reaparecido. Estamos falando de um artefato de 26,4 quilos encontrado em Camaquã, na região sul do Estado.

O renascimento da cruz que seria de São Miguel se deve a Édison Hüttner, doutor em teologia e coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Arte Sacra Jesuítico-Guarani da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Em 2010, durante uma visita ao pai, que mora na cidade (distante mais de 600 quilômetros das ruínas missioneiras) e a ajuda do irmão Éder Abreu Hüttner, o artefato enterrado em uma gruta chamou a atenção do pesquisador: era imponente, de ferro, tinha grandes dimensões e escondia um segredo para olhos desatentos — um brasão e a inscrição SPHN. Iniciou-se, ali, um trabalho de pesquisa que duraria quase três anos. Com buscas inclusive em arquivos secretos do Vaticano, ele reconstituiu os possíveis passos daquela que pode ser a mais recente descoberta sobre o único patrimônio da humanidade em solo gaúcho.

—Eu já tinha o olho treinado, vi que não era algo normal — lembra Hüttner.

Ao perceber que a inscrição encravada no ferro era um símbolo do império espanhol, a suspeita ganhou corpo, pois tinha a mesma grafia da época em que jesuítas e índios conviveram na região. Foi uma litografia, uma imagem de 1846, realizada pelo médico pesquisador francês Alfred Demersay, a responsável por revelar a estética da igreja (erguida a partir de 1735) e, também, da cruz.

Sem ela, provavelmente não seria possível saber como era esse símbolo encravado no campanário da torre. Pelo registro, a cruz aparece inclinada, provavelmente devido a um raio, visualmente igual à que estava em uma gruta de Camaquã e foi retirada por Huttner neste ano, em parceria com a prefeitura local.

Para Klaus Hilbert, coordenador do laboratório de arqueologia da PUCRS, o fato de a cruz ter passado quase 200 anos sem ser descoberta se dá pela falta de informação e pelo material.

– É uma coisa de olhar (a cruz) e não entender. A litografia está publicada há muito tempo, mas ninguém deu muita importância para a cruz, porque esses objetos de ferro são recicláveis, eram um bem muito valioso. A cruz não entrou nesse processo justamente pela importância simbólica. É uma parte do tesouro jesuítico — afirma.

Ao medir as proporções da cruz na litografia e calcular o tamanho das ruínas da torre, em São Miguel das Missões, Hüttner obteve mais um indício positivo: além do formato, o tamanho — 2m24cm de altura por 1m11cm de largura — condizia com o registrado por Demersay.

— Neste momento, percebi que tinha fechado tudo. As medidas eram semelhantes, assim como todas outras características — emociona-se Hüttner.

O símbolo de fé foi provavelmente montado por índios, sob supervisão de jesuítas. Como havia uma rota de erva-mate entre a região das Missões e Camaquã, a cruz pode ter sido levada até a cidade por carreteiros. Foi parar dentro da gruta que fica na parte antiga, sob a inscrição "uma graça alcançada". Um símbolo de fé que viajou pelo imaginário de gerações de gaúchos e, se tiver a autenticidade confirmada, pode se tornar mais um patrimônio da humanidade.

Iphan ainda não avaliou a autenticidade do artefato

Para Eduardo Hahn, que assume o cargo de superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no lugar de Ana Meira, ainda será preciso comprovar a autenticidade da cruz por um restaurador do órgão.

— Se comprovada, é uma descoberta importante. A situação será analisada e iremos decidir se há um local apropriado em Camaquã (onde foi registrada como patrimônio do município, há 15 dias). Se não houver, (a cruz) poderá ir para o Museu das Missões, por exemplo — explica.

"Tem tudo para ser ela", diz técnica que fez análise química

A coordenadora do Centro de Microscopia e Microanálise da PUCRS, Berenice Anina Dedavid, analisou amostras da cruz e as comparou com materiais encontrados junto aos fornos da redução de São João Batista. A técnica foi uma microanálise por raio X característico, em um microscópio eletrônico de varredura:

— Tem tudo para ser ela. O material da cruz é semelhante aos elementos químicos dos materiais da região. Além do ferro e do carbono, outros elementos como cálcio e manganês conferem.



MOTIVOS PARA ACREDITAR

Seis indícios levam a crer que a cruz pertencia à Igreja de São Miguel das Missões:

1 — A última imagem de cruz na Igreja de São Miguel é uma litografia de Alfred Demersay, de 1846. A cruz encontrada em Camaquã tem o mesmo formato da vista na imagem ao lado, com os pontos cardeais.

2 — A cruz de Camaquã tem uma marca do império espanhol (a inscrição SPHN), que foi gravada no momento em que o ferro foi forjado. A tipografia é semelhante à da época.

3 — Há sincronia entre as medidas da torre da Igreja de São Miguel em relação à cruz e à orbe (a "bola" que fica abaixo das cruzes de todas as igrejas). Ou seja: as medidas batem entre a cruz de Camaquã e as imagens da igreja.

4 — A cruz encontrada tem estética de campanário, isto é, daquelas que ficam em topos de torres de igrejas.

5 — Após análises, não houve contradição entre amostras de ferro fundido e aço encontradas na região das missões e o ferro da cruz de Camaquã.

6 — Existiu uma rota comercial, principalmente de erva-mate, entre as regiões de Camaquã e das missões jesuíticas. Por isso, pode-se acreditar que a cruz foi encontrada nas ruínas e levada até Camaquã, onde foi enterrada.



ENTREVISTA > Klaus Hilbert Arqueólogo e coordenador do laboratório de arqueologia da PUCRS

"É mais uma peça em um quebra-cabeça"

Arqueólogo e coordenador do laboratório de arqueologia da PUCRS, Klaus Hilbert conversou com ZH sobre a descoberta da cruz.

Zero Hora — O que falta para se ter certeza?

Klaus Hilbert — Talvez falte uma análise mais aprofundada do ferro. Cada pedaço de metal tem uma espécie de impressão digital.

ZH — Qual a comparação com outras descobertas recentes?

Hilbert — Existem muitas pesquisas sobre as Missões. A descoberta da cruz é mais uma peça em um quebra-cabeça.

ZH — Qual a importância histórica de uma possível reaparição da cruz?

Hilbert — Perdeu-se a cruz em algum momento e os arqueólogos e arquitetos não foram correr atrás, não se deram conta que esse material do contexto mais sagrado tem uma importância para a população. Ela terminou em uma pequena capelinha, como um gesto de oferenda e agradecimento, e ninguém deu importância para ela.

ZH — O senhor pode falar desse possível caminho percorrido pela cruz?

Hilbert — A gente acredita que essa cruz, quando ela caiu lá de cima, estava junto com uma bola de pedra, a orbe, que representa o globo. Essa peça de arenito está lá em São Miguel ainda. É interessante como a cruz não foi cortada em pedaços para fazer uma enxada, um martelo, uma faca. Os tropeiros e a rota da erva-mate passam por lá. Essa cruz deve ter sido levada embora por uma dessas pessoas.

ZH — Pode haver uma nova leva de descobertas?

Hilbert — Sim, pensava-se até um certo tempo que o assunto estava esgotado. Nas décadas de 1940 e 1950, muito esforço foi feito para resgatar o estatuário. Muitas (peças) até saíram do país como antiguidades. Fizeram um esforço para reunir os estatuários, estão no museu em São Miguel. Chegava-se até o ponto em que se tinha resgatado tudo, o sino, parte da estatuária. Faltava a cruz.



'Museus nunca são neutros', diz expert

JOTABÊ MEDEIROS - O Estado de S.Paulo
A museóloga Viv Golding, diretora de Pesquisas e professora da School of Museum Studies, da University of Leicester, Inglaterra, é adepta de uma visão aberta do museu no mundo. Viv vê a instituição com potencial de funcionar como uma fronteira onde se dá o aprendizado, onde se forjam identidades e conexões entre grupos diversos e suas histórias. Tem trabalhado com isso, com êxito, em instituições como Caribbean Women Writers Alliance no Horniman Museu; no Pitt Rivers Museum de Oxford; no Museum of World Culture in Sweden Robben Island and District Six in Cape Town (África do Sul).
Golding é uma das principais convidadas da 23.ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM), de hoje ao dia 17, na Cidade das Artes, no Rio. AoEstado, ela falou do interesse em parcerias com o Museu Favela da Maré, no Rio, e a Pinacoteca, em São Paulo.
Diz que o racismo está vivo, "como nos tempos coloniais", e que é preciso combatê-lo, assim como o sexismo. E mostrou-se surpresa com os problemas e a falta de interesse no Museu Afro Brasileiro, em São Paulo. "Talvez vocês estejam perdendo um bonde. A Tate Modern acaba de iniciar colaboração com artistas da África", afirmou, dizendo que lhe recomendaram, em Londres, começar conversas para um acordo de colaboração com o Carnaval brasileiro.
Há 10 anos, a Europa e a América do Sul eram alvos de um novo jeito de estabelecer museus, estratégia adotada especialmente pelo Guggenheim, em um esforço de, por franchising, globalizar e vender novas instituições ao mundo. A sra. acredita nessa estratégia de construir grandes supermercados de arte como forma de democratizar acesso?
Museus, como pessoas, não são ilhas. São partes de unidades maiores. Os entornos dos museus do mundo estão embutidos em histórias de dificuldades, geralmente servindo a forças imperialistas e filosofias colonialistas de discriminação; hoje, eles existem em um mundo economicamente desigual. Eu argumento que esses fatores são pontos de partida válidos para fazer do mundo um lugar melhor se os museus forem trabalhar com comunidades locais, nacionais e internacionais. Concordo que nossa missão seja harmonizar as economias e o mercado global, mas não em detrimento de nossas funções fundamentais, notadamente a educação. Talvez possamos transformar nossas metáforas. Vamos retornar à do jardim. Se trabalhamos com ela, vemos as pessoas como plantas que precisam ser regadas para crescer, e partimos de uma pedagogia humanista, que é infinitamente preferível à metáfora do supermercado, onde a humanidade é sacrificada no altar do lucro. Nos supermercados, só os ricos podem comprar, mas, no jardim, todos podemos imaginar. No Reino Unido, temos o "right to roam" (o direito de todo cidadão ao espaço público), o que dá um acesso especial à nossa paisagem e que foi resultado de uma luta de muitos anos, direito protegido e organizado pela Ramblers Association. No Brasil, vocês motivaram o mundo com essas ideias. (O brasileiro) Paulo Freire é uma inspiração. Ele falou de modo poderoso contra o sistema "bancário" de educação e sua promoção da justiça social para as comunidades pobres se disseminou para além de sua nação.
Patrocínios e parcerias são problemas para administradores de museus. Como conciliar a gestão a interesses de marchands e do sistema de capital?
Patrocínio é uma questão que os museus não podem ignorar, mas considerar cuidadosamente. Fatores locais vão afetá-los, mas, no Reino Unido, temos sorte de ter um fundo governamental. Ademais, temos linhas de financiamento para projetos especiais. Por exemplo: no Horniman Museum de Londres, onde trabalhei (1992-2002), fomos bem-sucedidos em ganhar verbas da loteria Heritage Lottery Funding para melhorar o acesso de deficientes e conectar o museu com os jardins. Também ganhamos verbas para projetos especiais, como o 'Inspiration Africa!' com escolas, artistas e escritores. Mas, quando fui do Departamento de Educação, consultamos nossos espectadores e decidimos não aceitar patrocínios do McDonald's ou da British Petroleum por considerarmos antiético. Por outro lado, o Museum of Mankind aceitou patrocínios para a exposição sobre a Amazônia e sofreu com protestos do público e um grande debate ético, notadamente por causa da destruição das florestas, povos e culturas. Para mim, patrocínio estatal é o primeiro e almejado ideal. Dito isso, eu sugiro que se considere cada patrocinador caso a caso.
A sra. ouviu a respeito do Museu Favela da Maré, no Rio? Sei que defende questões relativas à negociação entre o museu e as complexidades da colaboração integrativa com a comunidade. Museus podem ajudar populações pobres? Podem mudar expectativas de vida?
Ainda não visitei o Museu Favela Maré, mas meu grupo no ICOM, o ICME (instituição que congrega Museums of Ethnography) quer começar algum trabalho colaborativo lá após a conferência. O agenciamento é uma preocupação, como deveria ser em todo o mundo. A prática do ICME na favela será programada em oposição ao que foram os tempos vitorianos no Reino Unido, quando visitantes ricos pagavam para visitar asilos e dopar lunáticos. Notamos que o "dark tourism" tem aumentado em locais que tratam do Holocausto e de genocídios. Mas meus colegas do ICME se interessam por desejos genuínos e por dividir expertise e conhecimentos. Queremos trabalho colaborativo com pessoas engajadas no que a antropóloga Christina Kreps chama de "museologia apropriada". O artista JR (francês de identidade desconhecida que trabalha ações de arte pública) atua nessa perspectiva e que admiro.
Em um de seus livros, a sra. trata da teoria do feminismo de mulheres negras como apoio de sua análise. Raça e racismo são um tema candente no Brasil hoje, por causa das ações afirmativas. Como a sra. relaciona a questão com os museus?
Vejo raça, classe e gênero em interação e nos interstícios no discurso e na sociedade. Contesto os que veem a história como um exemplo de zona pura de escolaridade em destaque. Museus nunca são neutros e acredito que trabalhamos por um bem maior para todos. Minha vida foi transformada pela educação. Minha história pessoal é a de uma pessoa originada no operariado e de herança étnica mista (romana, judia, irlandesa) e cresceu na pobreza. Fui criada por avós, pais e tios num cortiço. Não tínhamos banheiro ou vaso sanitário em casa, nem água corrente e cômodos. Eu não era particularmente esperta, tinha dislexia, mas meus professores me deram apoio. Hoje trabalho para apoiar outros como eu, que têm algum tipo de desvantagem. Janet Vitmayer, diretora do Museu Horniman, disse que vocês fazem no Brasil um grande trabalho na Pinacoteca de São Paulo. Talvez possamos fazer algum trabalho colaborativo com eles, assim como na favela.
Fonte: Estadão

Filme mostra olhar feminino sobre ditadura no Brasil

Documentário da cineasta portuguesa Maria de Medeiros concorre a longa estrangeiro

Maria de Medeiros falou sobre filme Repare Bem no Festival de Gramado<br /><b>Crédito: </b> Edison Vara / PressPhoto / CP
Maria de Medeiros falou sobre filme Repare Bem no Festival de Gramado 
Crédito: Edison Vara / PressPhoto / CP
A passagem da atriz, cantora e cineasta portuguesa Maria de Medeiros foi uma das sensações no Festival de Gramado nesta quarta-feira. Bonita e simpática, ela apresentou seu documentário falado em português “Repare Bem”, sobre duas brasileiras (mãe e filha) na mostra competitiva de longas estrangeiros.

O filme apresenta um olhar feminino sobre o período da ditadura no Brasil, através da história de Denise Crispim. Ela era companheira do jovem guerrilheiro Eduardo Leite, conhecido como Bacuri, quando ele foi preso pelo regime militar. Ela estava grávida, era também perseguida e conseguiu fugir do País, depois do nascimento de sua filha, Eduarda. 

Mãe e filha são entrevistadas no filme e contam como Denise depois foi para a Itália e Eduarda, hoje adulta, mora na Holanda. Ambas receberam do governo brasileiro Anistia e Reparação, em cena que é mostrada no longa. Sem didatismo, “Repare bem” procura fugir de uma estética de filmes sobre a ditadura já exibidos. 

"Minha opção para este filme foi muito pessoal. Não quis usar imagens de arquivo da ditadura brasileira, como as de policiais a cavaldo perseguindo as pessoas nas ruas, pois isso já foi muito apresentado em outros filmes. Optei pela memória afetiva, mostrando somente o acervo pessoal da família”, explicou Maria. Nesta linha, é bastante intensa a cena em que Eduarda, que nasceu sem conhecer o pai, apresenta o único objeto que tem dele: uma camisa, que ela guarda como relíquia. “A história afetiva dessa família é também a história do País”, opinou a diretora.

Denise, que dá longos depoimentos do início ao fim do filme, conta que, ao viver na Itália e se casar com um italiano, assumiu uma vida praticamente nova. Por isso, retornar às memórias dos anos de chumbo lhe foi muito doloroso. “Tirei para fora coisas que ficaram silenciadas por 40 anos. Mais do que ser uma terapia, senti que era também uma obrigação contribuir para a documentação da história”, declarou.

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Fonte: Adriana Androvandi / Correio do Povo