Marcelo Gonzatto
A turma mal entra no amplo saguão do Santander Cultural, um dos espaços da 9ª Bienal do Mercosul, na Capital, e um menino já lança a sua primeira dúvida:
– Quem é o dono dessa casa enorme?
Esse é apenas um dos muitos questionamentos despertados nos pequenos, demonstrando que a mostra de arte contemporânea também é coisa de criança. Obras curiosas e a Escola Caseira de Invenções fazem parte do roteiro infantil recomendado pelos próprios frequentadores mirins.
Todos os dias, em média, 580 crianças e adolescentes visitam a Bienal por meio de agendamentos feitos por colégios e outras instituições, como a turma vinculada ao Pão dos Pobres que desembarcou na Praça da Alfândega na semana passada. Depois da explicação de uma das mediadoras de que a "casa enorme", na verdade, era uma instituição cultural, o interesse do grupo com meninos e meninas de seis a 12 anos seguiu em alta.
Todos os dias, em média, 580 crianças e adolescentes visitam a Bienal por meio de agendamentos feitos por colégios e outras instituições, como a turma vinculada ao Pão dos Pobres que desembarcou na Praça da Alfândega na semana passada. Depois da explicação de uma das mediadoras de que a "casa enorme", na verdade, era uma instituição cultural, o interesse do grupo com meninos e meninas de seis a 12 anos seguiu em alta.
– Esses quadros são água e fogo? – questionou um menino, admirando uma imagem azulada e outra em tons de laranja.
– Não são o céu e o inferno? – devolveu uma colega diante das fotografias do artista americano Trevor Paglen, que retratam o espaço.
As atrações que mais mobilizam a atenção infantil incluem, em suas próprias palavras, "o labirinto da caverna", a "lula preta" e a "piscina de barro" (leia mais ao lado). Mas um dos espaços mais estimulantes é a Escola Caseira de Invenções. Localizada no andar superior do Memorial do Rio Grande do Sul, é um lugar onde se pode entrar e criar sem limites: estão lá papéis, canetas, lápis, tintas, canos, madeiras, bancos, mesas, fios, cordas e muito mais à disposição dos visitantes. Caso necessário, podem contar com o auxílio dos mediadores.
Embora o espaço não seja voltado especificamente para crianças, elas aproveitam a liberdade e a oferta de materiais para exercitar a criatividade – muitas vezes, junto com os pais. Durante a visita ao local, a turma do Pão dos Pobres se encantou com instrumentos musicais improvisados, como um xilofone feito de pedaços de lajota.
– Gostei de tudo – encantou-se Cristian Freitas de Melo, 12 anos.
O ambiente libertário se reflete até na denominação do cargo de quem coordena o espaço – na verdade, de quem "descoordena".
– Prefiro ser chamada de descoordenadora. A ideia da escola é não ter uma estrutura rígida. É um lugar para incentivar as pessoas a fazer coisas que nunca fizeram, arriscar – afirma a "descoordenadora" da Escola de Invenções, Carina Levitan.
Tudo o que criança adora.
Dicas da turma do Pão dos Pobres para outras crianças:
A lula
> A obra do artista David Zink reproduz uma lula gigante no chão do Santander Cultural. Chama muito a atenção dos pequenos pela dimensão da réplica e sua semelhança com um espécime real.
– Gostei muito. Dá bastante vontade até de encostar nela, mas eu sei que não pode – diz Cristian Freitas de Melo, 12 anos.
A caverna
> A gigantesca estrutura de papelão no primeiro piso do Margs, a Caverna de Morcego, de Tony Smith (1912 – 1980), é uma das preferidas do público infantil por permitir que se caminhe dentro dela, como se fosse um pequeno labirinto. Quem recomenda é Leonardo Cunha, oito anos:
– Nem parece que é feito de papelão. É muito legal caminhar por dentro dela e olhar pra cima.
Lama em movimento
> A Musa da Lama (Robert Rauschenberg, 1925 – 2008) é um tanque de lodo onde explodem bolhas, no saguão do Santander Cultural. Fascina as crianças pela combinação de movimento e som.
– Demais o negócio de barro. Queria entender melhor como funciona – diz Luan de Oliveira Vieira, nove anos.
Tapete enferrujado
> A superfície de terra e ferrugem da artista Cinthia Marcelle chama a atenção da criançada no térreo do Memorial do RS. É a instalação Viajante Engolido pelo Espaço, destacada por Rafaela Lopes, 11 anos:
– Achei legal o tapete porque ele parece um mar de lava quente.
Outras atrações
> A 9ª Bienal funciona das 9h às 19h, com entrada franca. Na Praça da Alfândega, as exposições estão no Santander Cultural, no Memorial do RS e no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Há também obras na Usina do Gasômetro.
Fonte: Zero Hora
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