sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Filme mostra olhar feminino sobre ditadura no Brasil

Documentário da cineasta portuguesa Maria de Medeiros concorre a longa estrangeiro

Maria de Medeiros falou sobre filme Repare Bem no Festival de Gramado<br /><b>Crédito: </b> Edison Vara / PressPhoto / CP
Maria de Medeiros falou sobre filme Repare Bem no Festival de Gramado 
Crédito: Edison Vara / PressPhoto / CP
A passagem da atriz, cantora e cineasta portuguesa Maria de Medeiros foi uma das sensações no Festival de Gramado nesta quarta-feira. Bonita e simpática, ela apresentou seu documentário falado em português “Repare Bem”, sobre duas brasileiras (mãe e filha) na mostra competitiva de longas estrangeiros.

O filme apresenta um olhar feminino sobre o período da ditadura no Brasil, através da história de Denise Crispim. Ela era companheira do jovem guerrilheiro Eduardo Leite, conhecido como Bacuri, quando ele foi preso pelo regime militar. Ela estava grávida, era também perseguida e conseguiu fugir do País, depois do nascimento de sua filha, Eduarda. 

Mãe e filha são entrevistadas no filme e contam como Denise depois foi para a Itália e Eduarda, hoje adulta, mora na Holanda. Ambas receberam do governo brasileiro Anistia e Reparação, em cena que é mostrada no longa. Sem didatismo, “Repare bem” procura fugir de uma estética de filmes sobre a ditadura já exibidos. 

"Minha opção para este filme foi muito pessoal. Não quis usar imagens de arquivo da ditadura brasileira, como as de policiais a cavaldo perseguindo as pessoas nas ruas, pois isso já foi muito apresentado em outros filmes. Optei pela memória afetiva, mostrando somente o acervo pessoal da família”, explicou Maria. Nesta linha, é bastante intensa a cena em que Eduarda, que nasceu sem conhecer o pai, apresenta o único objeto que tem dele: uma camisa, que ela guarda como relíquia. “A história afetiva dessa família é também a história do País”, opinou a diretora.

Denise, que dá longos depoimentos do início ao fim do filme, conta que, ao viver na Itália e se casar com um italiano, assumiu uma vida praticamente nova. Por isso, retornar às memórias dos anos de chumbo lhe foi muito doloroso. “Tirei para fora coisas que ficaram silenciadas por 40 anos. Mais do que ser uma terapia, senti que era também uma obrigação contribuir para a documentação da história”, declarou.

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Fonte: Adriana Androvandi / Correio do Povo

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