Anita Ekberg, linda e diva dos anos 60 | Foto: Bob Haswell / Divulgação / CP |
Luiz Gonzaga Lopes
A morte de Anita Ekberg neste domingo em Rocca di
Papa não pegou tão de surpresa o mundo do cinema, pois a atriz de “A Doce Vida”
e tantos outros filmes já estava com 83 anos e afastada da tela pequena e
também da tela grande desde 2002.
O Correio do Povo foi repercutir junto a críticos
de cinema gaúchos qual o legado da atriz sueca para o cinema e também qual a
imagem que fica de Anita para a posteridade. Em uma coisa todos concordam, ela
sempre será musa, eterna e inesquecível.
Marcus Mello, crítico de cinema e mestre em
Literatura Brasileira:
“Anita Ekberg foi uma das mulheres mais belas do
século XX. A sequência na Fontana di Trevi, em “La Dolce Vita”, de Federico
Fellini, que ela protagonizou ao lado de Marcello Mastroianni, é provavelmente
o momento mais erótico da história do cinema. Mas ela também vai ficar na
memória dos cinéfilos pelos filmes que estrelou nos Estados Unidos com Jerry
Lewis, “Artistas e Modelos”, “Ou Vai ou Racha” e “Um Biruta em Órbita”,
obras-primas do humor nonsense. E claro, pelo média “As Tentações do Dr.
Antônio”, também dirigido por Fellini, no longa episódico “Boccaccio 70”. Uma
grande perda, sem duvida, mas felizmente a beleza da atriz está eternizada
através de seus filmes.”
Milton Ribeiro, crítico do site Sul 21:
“Anita Ekberg nasceu com cara e corpo de pin-up.
Causou espetacular furor na década de 50 e desapareceu rapidamente na década
seguinte, a medida que foi perdendo suas formas. Também foi importante tema de
calendários naqueles tempos de Bardot e de erotismo leve. Era a sueca liberal
da imaginação americana e latina, que procurava as revistas eróticas daquele
país. Mas não peguei esta época. E então, em 1960 (eu tinha 3 anos!), apareceu
Federico Fellini e aquela cena. Quando subiste as escadas, Anita, nem eras importante
no filme, eras uma figura de terceira linha nos créditos, mas Federico te deu a
chance de dançar, depois fez com que entrasses como uma valquíria em plena
Fontana di Trevi – a água estava fria, Anita, mas tu a aqueceste -- e Marcello
foi te buscar daquele jeito deprimido e pidão de alguns de seus personagens. Tu
és uma visão inesquecível para todos nós. Foi só em ti que pensei, entre
ubíquos japoneses, quando conheci a Fontana”.
Marcos Santuário, crítico de cinema, editor do
Arte & Agenda e curador do Festival de Cinema de Gramado:
“Quando um expoente das artes, sobretudo do
cinema, morre, buscamos uma primeira referência que a caracterize rapidamente
para a lembrança de nosso público. Pensar em Anita Ekberg é relacioná-la num
primeiro momento, sem dúvidas, ao felliniano "A Doce Vida", de 1960.
Eu ainda não havia nascido naquele momento, mas uns 20 anos depois de Anita
brilhar como a Sylvia de Fellini, reconheci na Irmã Gertrude, do filme "A
Freira Assassina", a exuberância da mulher atriz ali presente. Da
exuberante cena noturna com Marcello Mastroianni na Fontana di Trevi, em Roma,
imortalizada por Fellini, a pin-up em revistas masculinas em seus primeiros
anos nos Estados Unidos, passou por uma substituição marcante: em turnê feita
com o comediante Bob Hope, substituiu a outra famosa loira, Marilyn Monroe. Daí
foi um passo para brilhar ao lado de Jerry Lewis e Dean Martin em
"Artistas e Modelos" (1955) e no drama, "Guerra e Paz",
dessa vez na Europa. Sua vida amorosa incluiu romances de fôlego, com nomes
como Errol Flynn e Frank Sinatra, mas não interferiu em sua participação em
outras obras fellinianas, como "Bocaccio 70", "Os Palhaços"
e "Entrevista". Em uma contemporaneidade carente de verdadeiras
musas, as imagens do passado como as de Anita ainda tiram o fôlego”.
Fonte: Correio do Povo
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