segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Críticos gaúchos lamentam morte da atriz Anita Ekberg


Anita Ekberg, linda e diva dos anos 60 | Foto: Bob Haswell / Divulgação / CP

Luiz Gonzaga Lopes
 
A morte de Anita Ekberg neste domingo em Rocca di Papa não pegou tão de surpresa o mundo do cinema, pois a atriz de “A Doce Vida” e tantos outros filmes já estava com 83 anos e afastada da tela pequena e também da tela grande desde 2002.

O Correio do Povo foi repercutir junto a críticos de cinema gaúchos qual o legado da atriz sueca para o cinema e também qual a imagem que fica de Anita para a posteridade. Em uma coisa todos concordam, ela sempre será musa, eterna e inesquecível.

Marcus Mello, crítico de cinema e mestre em Literatura Brasileira:

“Anita Ekberg foi uma das mulheres mais belas do século XX. A sequência na Fontana di Trevi, em “La Dolce Vita”, de Federico Fellini, que ela protagonizou ao lado de Marcello Mastroianni, é provavelmente o momento mais erótico da história do cinema. Mas ela também vai ficar na memória dos cinéfilos pelos filmes que estrelou nos Estados Unidos com Jerry Lewis, “Artistas e Modelos”, “Ou Vai ou Racha” e “Um Biruta em Órbita”, obras-primas do humor nonsense. E claro, pelo média “As Tentações do Dr. Antônio”, também dirigido por Fellini, no longa episódico “Boccaccio 70”. Uma grande perda, sem duvida, mas felizmente a beleza da atriz está eternizada através de seus filmes.”



Milton Ribeiro, crítico do site Sul 21:

“Anita Ekberg nasceu com cara e corpo de pin-up. Causou espetacular furor na década de 50 e desapareceu rapidamente na década seguinte, a medida que foi perdendo suas formas. Também foi importante tema de calendários naqueles tempos de Bardot e de erotismo leve. Era a sueca liberal da imaginação americana e latina, que procurava as revistas eróticas daquele país. Mas não peguei esta época. E então, em 1960 (eu tinha 3 anos!), apareceu Federico Fellini e aquela cena. Quando subiste as escadas, Anita, nem eras importante no filme, eras uma figura de terceira linha nos créditos, mas Federico te deu a chance de dançar, depois fez com que entrasses como uma valquíria em plena Fontana di Trevi – a água estava fria, Anita, mas tu a aqueceste -- e Marcello foi te buscar daquele jeito deprimido e pidão de alguns de seus personagens. Tu és uma visão inesquecível para todos nós. Foi só em ti que pensei, entre ubíquos japoneses, quando conheci a Fontana”.



Marcos Santuário, crítico de cinema, editor do Arte & Agenda e curador do Festival de Cinema de Gramado:

“Quando um expoente das artes, sobretudo do cinema, morre, buscamos uma primeira referência que a caracterize rapidamente para a lembrança de nosso público. Pensar em Anita Ekberg é relacioná-la num primeiro momento, sem dúvidas, ao felliniano "A Doce Vida", de 1960. Eu ainda não havia nascido naquele momento, mas uns 20 anos depois de Anita brilhar como a Sylvia de Fellini, reconheci na Irmã Gertrude, do filme "A Freira Assassina", a exuberância da mulher atriz ali presente. Da exuberante cena noturna com Marcello Mastroianni na Fontana di Trevi, em Roma, imortalizada por Fellini, a pin-up em revistas masculinas em seus primeiros anos nos Estados Unidos, passou por uma substituição marcante: em turnê feita com o comediante Bob Hope, substituiu a outra famosa loira, Marilyn Monroe. Daí foi um passo para brilhar ao lado de Jerry Lewis e Dean Martin em "Artistas e Modelos" (1955) e no drama, "Guerra e Paz", dessa vez na Europa. Sua vida amorosa incluiu romances de fôlego, com nomes como Errol Flynn e Frank Sinatra, mas não interferiu em sua participação em outras obras fellinianas, como "Bocaccio 70", "Os Palhaços" e "Entrevista". Em uma contemporaneidade carente de verdadeiras musas, as imagens do passado como as de Anita ainda tiram o fôlego”.



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