No senso comum, pensamos em
cultura, geralmente, no formato de produtos culturais, tais como livros,
filmes, peça de teatro, telas de pinturas, musica etc. Porém tudo que o homem
realiza, através da racionalidade humana, em um sentido amplo, também é
cultura.
É necessário distinguir,
portanto, os artefatos culturais do processo mental que os engendra. Todo o
sistema de crenças, leis, religião, esportes, mitos, linguagem, valores morais
e éticos, ciência, tecnologia, costumes é Cultura.
O homem se distingue dos
outros seres da natureza pela capacidade de produzir cultura, pois o ser humano
realiza a sua humanidade na interação com outros homens, de forma coletiva,
produzindo cultura.
Neste sentido, não existe
cultura isolada, muito menos produtos concebidos por um único indivíduo. Mesmo
o último sobrevivente de uma civilização ainda vai ser o representante desta
cultura, não pelo que é, mas pelo que foi formado no processo civilizatório de
inúmeras gerações. A própria linguagem é
herdada de seus antecessores.
O imaginário, a memória
coletiva, as normas, os valores, a forma como o homem concebe a si e reconhece
o outro é fruto da cultura que está imerso.
E a arte, as ditas obras
autorais, é possível de serem aceitas como produto de um artista? O instrumento
do músico foi pensado por ele? Não é a
música escrita em uma partitura que é uma convenção gráfica coletiva? Os sons
que ouviu ao longo de sua existência não tem relação com o fruto de sua criação
ou mesmo serviram de quadro estético que transitou? Só para citar alguns exemplos.
Claro que não podemos
ignorar o papel da contribuição do indivíduo, mas este é um tijolo na construção coletiva da
humanidade, sem esquecer que ele só existe por que é parte indissolúvel dessa
construção.
(1) Presidente do Instituto de Pesquisa em Memória Social,
Mestrando em Memória Social e Bens Culturais.
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