Marco Antonio Reis
Impressão fotográfica sobre papel botânico, de Gilberto Lopes: união de arte e sustentabilidade
Casca de pinhão, folhas de samambaia, lírio do brejo e flores em geral. Tudo isso vira papel. E papel, vira arte. Essa é a equação simples que move o projeto “O Papel das Vilas”, cujos resultados podem ser vistos em exposição que vai até o dia 30 de agosto, na Senado Galeria.
O projeto se baseia na riqueza vegetal de Visconde de Mauá, no sul fluminense, para produzir papel artesanal botânico, em folhas de diversas cores e texturas, matéria básica para a expressão de 93 artistas plásticos e fotógrafos.
- A ideia é usar papel reciclado não industrial, agindo localmente. Todo o material está à disposição nos quintais das vilas de Visconde de Mauá – explica Márcia Patrocínio, diretora do Centro Cultural de Mauá, uma das responsáveis pela exposição itinerante que, desde 2009, já esteve em mais de 20 locais diferentes, incluindo a Conferência Rio+20, sobre o Clima, em 2012.
Todos os trabalhos expostos no Senado foram feitos com papel produzido por Maurício Rosa. O material é a plataforma para pintura, colagem e impressão fotográfica, entre outras possibilidades. O artista e papeleiro, como ele gosta de ser chamado, recolhe os elementos que vão desde plantas nativas da mata atlântica, como a hortênsia e a macela do campo, até materiais destinados ao lixo, como cascas de cebola.
- A pesquisa de resgate do papel artesanal no Brasil tem 30 anos e o projeto nasceu das comemorações desse trabalho que vai além da exposição, porque envolve a comunidade, fomentando uma cultura para a região - afirma.
O papel botânico artesanal pode ser feito a partir de fibras vegetais ou com a planta por inteira. Maurício Rosas também trabalha com o papel reciclado convencional, produzido pela indústria, ao qual são acrescentadas plantas da serra da Mantiqueira, onde se localiza Mauá.
Visconde de Mauá é um distrito rural no município de Resende, a cerca de 200 quilômetros do Rio. É a principal vila da região, que engloba também Maringá e Maromba, e onde vivem cerca de 6 mil pessoas. A localidade, a 1.200 metros de altitude, encravada na área de preservação ambiental da serra da Mantiqueira, tem as temperaturas mais baixas do estado, atraindo turistas e pessoas interessas em fixar residência e levar uma vida mais próxima da natureza.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: Agência Senado
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