segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Arte e loucura de Camille Claudel são retratadas nas telas

Filme relata anos em que artista ficou internada em manicômio francês

Juliette Binoche é Camille Claudel em obra de Bruno Dumont<br /><b>Crédito: </b> California Filmes / Divulgação / CP
Juliette Binoche é Camille Claudel em obra de Bruno Dumont 
Crédito: California Filmes / Divulgação / CP
O flerte entre a arte e a loucura encontrou em Camille Claudel um bode expiatório da artista que ousou em ser um prodígio na virada do século XIX ao XX nas artes, meio completamente dominado por homens. Em “Camille Claudel, 1915”, o cineasta Bruno Dumont (“A Humanidade”), opta pelo recorte do ano de 1915 quando Camille (Juliette Binoche) já está há dois anos no sanatório de Villeneuve-lès-Avignon, no Sul da França. Com passar de tempo lento e uma luz crescente, o filme impacta pela repetição de cenas rotineiras dos internos e o estado ascendente da paranóia de Camille, em relação a Auguste Rodin e ao irmão, o poeta Paul Claudel (Jean-Luc Vincent), que fica um tempo sem visitá-la.

A crueza e o minimalismo do filme está em acompanhar a real rotina de um manicômio e alcança o extremo quando uma paciente que admira muito Camille passa a segui-la dentro do local e provoca reação áspera da artista. Ao afirmar que está perfeitamente sã nas cartas para Paul e também à amiga Henriette, ela dá traços do que poderia ser uma conspiração de Rodin para se apropriar das esculturas dela.

O inverno é rigoroso, os tons do filme são cinza e os surtos são constantes. As cozinheiras do local, por ordem do psiquiatra, deixam Camille fazer a sua própria comida, pois ela tem medo de ser envenenada. A mania de perseguição é entremeada por Dumont com momentos de total abulismo e uma vontade louca de que seu irmão Paul a liberte do local, o que não aconteceu, pois ela morreu ali em 1943, trinta anos após a internação. Filme intenso e duro. Um recorte interessante da vida de Camille Claudel no manicômio, a artista expiada pela loucura.


Fonte: Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário