segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Salvador, cultura profanada

por
Antonio Lins - jornalista.alins@uol.com.br
Publicada em 14/01/2013 11:50:37
Quando estive à frente da Fundação Gregório de Mattos, elaborei um projeto que representava uma oportunidade para reestruturar o centro histórico da cidade, por parte do Governo municipal.
A prefeitura capitanearia uma ação fundamental para a cidade, devolvendo a centralidade legítima, à dignidade e a beleza que foram perdidas pelo Centro antigo. Pretendía mobilizar o imaginário convocante da cidade, consolidando o centro como um grande espaço cultural de Salvador.
O seu complexo cultural conjugaria interesses econômicos, políticos e sociais por um viés cultural, lastreado em um pensamento arquitetônico e urbanístico aprofundado, que projetaria suas relações com a cidade, seria seu novo cartão postal , sua marca indelével.
O projeto propunha um conjunto de intervenções que atrairia investimentos, geração de renda e empregos, trazendo aumento de arrecadação, e gerando um círculo virtuoso relativo à recuperação cultural e sócio-imobiliário-urbanístico daquele trecho fundador da cidade da Bahia.
Salvador é uma cidade caracterizada por sua especificidade cultural, resultado da combinação entre os modos de ser de sua gente e a implantação de seu extraordinário patrimônio arquitetônico, artístico e natural. A requalificação sustentável de seu patrimônio histórico é central para qualquer ideia de desenvolvimento da cidade e sua destinação.
As intervenções propostas no projeto estão localizadas na área central da cidade, entre a parte alta e baixa e compõem um conjunto de ações que seriam implementadas pela Prefeitura, em parceria com a iniciativa privada e a participação da comunidade.
O projeto gravitaria em torno de dois eixos, que seriam os seus principais equipamentos culturais: Fórum Cultural e de Negócios e o Centro de Convenções e Eventos Culturais, espaço multi-uso que permitiria a realização dos mais variados eventos, tais como peças de teatro, shows musicais e convenções. Estratégico para a rede hoteleira que pretendia implantar-se no entorno.
Situados na parte superior da encosta, a proposta integraria dois estacionamentos subterrâneos, sendo um com acesso pela parte baixa da Ladeira da Preguiça e outro, com acesso na confluência da ladeira da Montanha e Rua Carlos Gomes. Suas principais vantagens seriam melhorar a acessibilidade e mobilidade urbana e estimular o comércio local, além de vir responder a uma grave lacuna, a inexistência de um equipamento cultural que contasse a história da cidade do Salvador.
O Museu da Cidade seria um novo equipamento que abrigaria o Arquivo Histórico Municipal, atualmente degradado no fundo do poço de um velho prédio, quase abandonado na Rua Chile, onde está situada a falida Fundação Gregório de Mattos.
O Museu seria a memória visual da civilização baiana. Com maquetes e ênfase em uma expografia que privilegiasse a informação, com recursos eletrônicos e digitais; um mergulho na história da cidade, em seus mais variados aspectos. Seria concebido como um dinâmico centro de conhecimento e saber; uma permanente reflexão sobre o passado como maneira de pensar o presente e desenhar cenários do futuro.
Parte dos velhos e abandonados casarios seriam recuperados, e deveriam fazer parte de um conjunto de atividades culturais, paralelamente a outras atividades de serviços e comércio.
É preciso que o novo prefeito, o jovem ACM Neto, compreenda que a par de sua importância identidária, a cultura representa 7% do nosso PIB.
Salvemos, pois, Salvador, urgentemente, antes que o tsunami da mediocridade política encarnado no abominável ex-prefeito João Henrique e na ex-vereadora “comunista” Olívia Santana, oportunista de carteirinha, acabe com o pouco que ainda resta da velha e barroca cidade dos nossos antepassados.
Xô, satanás!

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