Confira na reportagem os planos no novo secretario municipal da Cultura
Clarissa Colares
Canoas - Sem querer ele ingressou nas artes cênicas e hoje é um dos mais conceituados diretores teatrais
do Brasil. O funcionário público aposentado, que trabalhou durante 37 anos da área de recursos
humanos do Tribunal Regional Federal do RS, gosta de ação, múltiplas experiências e se mostra
dinâmico para dar conta de mais de um projeto ao mesmo tempo.Ano passado, por exemplo, o portoalegrense dirigiu o Porto Alegre em Cena, do qual é criador, e ficou responsável pela direção do Natal Luz de Gramado.
Com essa disposição, Luciano Alabarse aceitou o convite do prefeito Jairo Jorge e assumiu esta semana a Secretaria Municipal de Cultura. Quem visitar o gabinete, na Rua Ipiranga, já vai perceber que o ambiente começa a ganhar a cara do artista com a colagem de fotos de amigos em uma das divisórias. Com quase 40 anos de atuação como diretor teatral, Alabarse chega em Canoas com vontade de ouvir, de pesquisar, de conhecer o potencial cultural da cidade. “Sou aos poucos – como diz Clarice Lispector. Tenho que ter um tempo para conhecer a comunidade, os artistas, ouvir sonhos, projetos”, comenta o secretário. Uma das suas primeiras agendas, na manhã de ontem, foi pautada pelo Carnaval. “Daqui a 40 dias tem Carnaval e deve acontecer da melhor maneira possível. Ninguém se assuste, não tem terra arrasada, não vou começar do zero”, tranquiliza. Ele completa: “O consultor carioca José Luiz Azevedo deve ser mantido. Canoas para ser cosmopolita tem que receber o mundo e se mostrar.”
Como você ingressou no teatro e decidiu trilhar a carreira de diretor?
LucianoAlabarse - Sempre gostei de palavras. Queria ser professor de Letras e Inglês. Mas assinalei de forma incorreta o formulário do vestibular da Ufrgs. Quando saiu o resultado da
minha aprovação em Artes Cênicas, minha família ficou surpresa, pois eu nunca tinha pensado em teatro. Decidi começar esse curso para não ficar parado e perder o semestre. Na primeira aula, com o mestre Luiz Paulo Vasconcellos, minha cabeça deu um giro. Tive uma experiência iluminada
e compreendi o sentido da palavra erro para os gregos, que dizem que um herói erra para cumprir seu destino. Desde o começo do curso tive a clareza de atuar na direção.Gosto de criar universos,
de construção. O diretor desvenda o mundo.
DC - Em 1991, você assumiu a coordenação de artes cênicas da Secretaria de Cultura de Porto Alegre e ficou até 1994, quando criou o Porto Alegre em Cena. Houve outras experiências em gestão na esfera municipal?
Alabarse - Sim, atuei também como diretor da Usina do Gasômetro quatro anos. Durante 37 anos trabalhei como funcionário público do TRF. As noções de hierarquia e horário aprendi com o serviço público. E o teatro me trouxe a noção de coletivo, que o nós é mais bonito que o eu.
DC - Como recebeu o convite para ser secretário de Cultura de Canoas?
Alabarse - Todos os convites que chegam eu não penso. Digo sim ou não. São fatores inconscientes e situações pregressas que me levam a aceitar os convites. Quando o prefeito Jairo Jorge aceitou trazer o espetáculo Os Náufragos da Louca Esperança do Théâtre du Soleil através do Festival Porto Alegre em Cena - apresentado em 2011 no Parque Esportivo Eduardo Gomes -, fiquei feliz e impactado com a visão dele. Era preciso trazer esperança para a cidade, para a
política. Há menos de um mês - não sou muito ligado em datas - recebi um torpedo do Jairo com o convite à secretaria e aceitei. É umgrande desafio, um mundo novo. Cultura é muito mais que teatro. Entendo que um gestor precisa compreender os dois lados, do artista que muitas vezes não
tem paciência de entender as regras do serviço público e o contrário. Fazer que as duas partes dialoguem e cheguem ao denominador comum é o grande desafio. Mas estou tranquilo, amparado
pela minha adjunta Isabel Poggetti, que conhece toda a cidade.
DC - Como percebe o potencial cultural de Canoas?
Alabarse - Meu primeiro movimento é de imersão. Chego disposto a ouvir, compreender. Eu tenho que viver Canoas, estudar, pesquisar. Quero entender, compreender e reconhecer a comunidade artística. A cidade é muito grande e tem um potencial grande de construção.
DC - Quais são as prioridades na gestão da Secretaria de Cultura? Pretende dar continuidade aos projetos culturais?
Alabarse - Tenho horror de quem chega no serviço público e desconsidera o que já foi feito. Evidente que todos os bons projetos que a comunidade e os artistas da cidade validam devem se manter. Na curadoria do Canoas Jazz, por exemplo, vai permanecer o Flávio Adonis (secretário
da Cultura na última gestão). Vim para manter bons projetos, mas também para avançar e qualificar. Quero que Canoas irradie cultura para o Estado. Neste ano, vou criar dez projetos
nas diferentes áreas da cultura. Um deles vai ser o Conversas Extraordinárias ou Conversas sobre o Rio Grande do Sul. Pretendo trazer pessoas qualificadas, da literatura, história, música, entre outros, para falar sobre a identidade de nosso Estado. Deve acontecer mensalmente, a partir de março, num estilo talk show.
Fonte: Diário de Canoas
do Brasil. O funcionário público aposentado, que trabalhou durante 37 anos da área de recursos
humanos do Tribunal Regional Federal do RS, gosta de ação, múltiplas experiências e se mostra
dinâmico para dar conta de mais de um projeto ao mesmo tempo.Ano passado, por exemplo, o portoalegrense dirigiu o Porto Alegre em Cena, do qual é criador, e ficou responsável pela direção do Natal Luz de Gramado.
Com essa disposição, Luciano Alabarse aceitou o convite do prefeito Jairo Jorge e assumiu esta semana a Secretaria Municipal de Cultura. Quem visitar o gabinete, na Rua Ipiranga, já vai perceber que o ambiente começa a ganhar a cara do artista com a colagem de fotos de amigos em uma das divisórias. Com quase 40 anos de atuação como diretor teatral, Alabarse chega em Canoas com vontade de ouvir, de pesquisar, de conhecer o potencial cultural da cidade. “Sou aos poucos – como diz Clarice Lispector. Tenho que ter um tempo para conhecer a comunidade, os artistas, ouvir sonhos, projetos”, comenta o secretário. Uma das suas primeiras agendas, na manhã de ontem, foi pautada pelo Carnaval. “Daqui a 40 dias tem Carnaval e deve acontecer da melhor maneira possível. Ninguém se assuste, não tem terra arrasada, não vou começar do zero”, tranquiliza. Ele completa: “O consultor carioca José Luiz Azevedo deve ser mantido. Canoas para ser cosmopolita tem que receber o mundo e se mostrar.”
Como você ingressou no teatro e decidiu trilhar a carreira de diretor?
LucianoAlabarse - Sempre gostei de palavras. Queria ser professor de Letras e Inglês. Mas assinalei de forma incorreta o formulário do vestibular da Ufrgs. Quando saiu o resultado da
minha aprovação em Artes Cênicas, minha família ficou surpresa, pois eu nunca tinha pensado em teatro. Decidi começar esse curso para não ficar parado e perder o semestre. Na primeira aula, com o mestre Luiz Paulo Vasconcellos, minha cabeça deu um giro. Tive uma experiência iluminada
e compreendi o sentido da palavra erro para os gregos, que dizem que um herói erra para cumprir seu destino. Desde o começo do curso tive a clareza de atuar na direção.Gosto de criar universos,
de construção. O diretor desvenda o mundo.
DC - Em 1991, você assumiu a coordenação de artes cênicas da Secretaria de Cultura de Porto Alegre e ficou até 1994, quando criou o Porto Alegre em Cena. Houve outras experiências em gestão na esfera municipal?
Alabarse - Sim, atuei também como diretor da Usina do Gasômetro quatro anos. Durante 37 anos trabalhei como funcionário público do TRF. As noções de hierarquia e horário aprendi com o serviço público. E o teatro me trouxe a noção de coletivo, que o nós é mais bonito que o eu.
DC - Como recebeu o convite para ser secretário de Cultura de Canoas?
Alabarse - Todos os convites que chegam eu não penso. Digo sim ou não. São fatores inconscientes e situações pregressas que me levam a aceitar os convites. Quando o prefeito Jairo Jorge aceitou trazer o espetáculo Os Náufragos da Louca Esperança do Théâtre du Soleil através do Festival Porto Alegre em Cena - apresentado em 2011 no Parque Esportivo Eduardo Gomes -, fiquei feliz e impactado com a visão dele. Era preciso trazer esperança para a cidade, para a
política. Há menos de um mês - não sou muito ligado em datas - recebi um torpedo do Jairo com o convite à secretaria e aceitei. É umgrande desafio, um mundo novo. Cultura é muito mais que teatro. Entendo que um gestor precisa compreender os dois lados, do artista que muitas vezes não
tem paciência de entender as regras do serviço público e o contrário. Fazer que as duas partes dialoguem e cheguem ao denominador comum é o grande desafio. Mas estou tranquilo, amparado
pela minha adjunta Isabel Poggetti, que conhece toda a cidade.
DC - Como percebe o potencial cultural de Canoas?
Alabarse - Meu primeiro movimento é de imersão. Chego disposto a ouvir, compreender. Eu tenho que viver Canoas, estudar, pesquisar. Quero entender, compreender e reconhecer a comunidade artística. A cidade é muito grande e tem um potencial grande de construção.
DC - Quais são as prioridades na gestão da Secretaria de Cultura? Pretende dar continuidade aos projetos culturais?
Alabarse - Tenho horror de quem chega no serviço público e desconsidera o que já foi feito. Evidente que todos os bons projetos que a comunidade e os artistas da cidade validam devem se manter. Na curadoria do Canoas Jazz, por exemplo, vai permanecer o Flávio Adonis (secretário
da Cultura na última gestão). Vim para manter bons projetos, mas também para avançar e qualificar. Quero que Canoas irradie cultura para o Estado. Neste ano, vou criar dez projetos
nas diferentes áreas da cultura. Um deles vai ser o Conversas Extraordinárias ou Conversas sobre o Rio Grande do Sul. Pretendo trazer pessoas qualificadas, da literatura, história, música, entre outros, para falar sobre a identidade de nosso Estado. Deve acontecer mensalmente, a partir de março, num estilo talk show.
Fonte: Diário de Canoas
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