domingo, 12 de maio de 2013

Elevador

 Acordei instável! Vesti-me de mulher, ou seja, coloquei uma sai justa, curta, uma blusinha de seda, calcei meu lindo salto alto, fiz um coque no meu cabelo longo e fui à luta, era um dia que prometia muito trabalho. Antes de chegar à empresa, passei no shopping. Entrei no elevador completamente descontraída. Como fui uma das primeiras, fiquei bem no fundo, estava lotado.
Foi ai que senti um braço forte me enlaçar na altura da cintura. Uma mão firme apertou meu quadril puxando-me em direção a um corpo quente, rijo, um pouco atrás de mim. Um frio correu do início da espinha terminando no cóccix, desceu perna abaixo e fiquei bamba. Ele me segurava firmemente. Eu sentia um hálito quente na nuca, mais precisamente atrás da orelha. Aquela sensação de frio e calor ao mesmo tempo percorria todo o meu corpo.

Senti os lábios másculos mordiscarem, levemente minha orelha. Meus seios enrijeceram. Fiquei estática, sentindo, cada vez mais, que aumentava meu prazer e que em breve eu explodiria num orgasmo delicioso, rápido e intenso.

Olhei para frente, via vultos, todos concentrados na marcação dos andares. Não pensei em mais nada, me entreguei àquela sensação que há muito havia esquecido e que naquele dia, ao acordar, veio à tona: ser mulher em todo o sentido da palavra.

Meu corpo pedia mais e ele, sem qualquer pudor, ali, no meio de toda aquela gente, estava me dando prazer, muito prazer, digamos de passagem!

Senti quando a mão dele desceu mais um pouco, sempre muito firme, acariciou minhas nádegas. Um arrepio enlouquecedor fazia com que todos os pelos e poros do meu corpo ouriçassem. Naquele momento eu trancava a respiração para que ela não me denunciasse. Tive medo de gemer, de gritar. Imaginei todos se virando para mim e eu daquele jeito, suada, com o rosto pegando fogo. Não, não era só o rosto que pegava fogo naquele momento!

O tempo parece que deixara de passar, simplesmente parou. Na verdade, eu não queria que aquele elevador chegasse ao subsolo onde eu deveria descer para pegar meu carro.

Enquanto isso ele estava colado em mim, éramos um só corpo, um só frêmito de prazer. Quando eu já estava quase chegando lá, no ponto máximo do prazer, ouvi um “plim” de porta abrindo, tive um sobressalto, sai junto com as demais pessoas, sem olhar para trás.

Simplesmente sai, mal segurava as pernas em cima do salto alto. “toc”, “toc”, lá ia eu quase correndo em direção ao carro. Olhei para os lados e nada, ninguém por perto.  Coloquei a chave na porta e entrei rapidamente. Olhei no espelho e me enxerguei louca, feliz, olhos brilhando, rosto corado, cara de quem acabara de fazer uma grande arte.

Liguei o carro e sai, no caminho fui recobrando os sentidos e até hoje me pergunto se foi um sonho, uma alucinação ou se àquele homem existiu e esteve ali vivendo aqueles momentos comigo. Se ele fazia isso sempre, com outras mulheres? Quem sabe era um tarado e mesmo assim eu me entreguei? Talvez, assim como eu,  fora acometido de uma louca tesão?  Algo que surge do nada e, da mesma forma, some sem deixar pistas?

Sei lá!



Vice-Presidente do IPMF

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