Chovia uma chuva fina, ela andava calmamente, a roupa
colava ao corpo. A chuva disfarçava as lágrimas. Sim, ela chorava, as lágrimas
molhavam mais o seu rosto do que a chuva, Ela pensava insistentemente em como
ele poderia tê-la trocado assim, simplesmente, por uma mulher tão tudo aquilo
que ele dizia não gostar. Era chata, pegava no pé, ligava o tempo todo e ele
estava louco por ela.
Chegou em casa pensando que precisava lavar o corpo, a
alma, colocar a os sapatos para secar e seu coração precisava bater menos por
ele.
Debaixo do chuveiro as lágrimas não paravam, secava o
corpo e o rosto encharcado, inchado, triste olhando sem olhar, só enxergava lá
dentro e lá estava uma bagunça. Era ele ali, impregnado da cor do seu cabelo,
dos olhos, do cheiro da pele, do sexo, todo ele estava lá.
Exausta ela adormeceu, acordou de madrugada, na verdade
o sol nem havia despontado no horizonte. Levantou doída, por dentro e por fora,
dormira mal acomodada, mal amada, não querida, só.
Olhou-se no espelho e pensou: preciso dar um jeito
nessa cara, Arrumou-se com cuidado, maquiagem, cabelo, escolheu a melhor roupa,
saltos, enfim, aguardou o tempo passar. Sabia exatamente a hora em que ele
estaria lá, naquele lugar,
Olhou-se mais uma vez no espelho, passou perfume e
saiu. O coração acelerou, mas os passos levavam um corpo que parecia esguio,
forte, inabalável. Passou por ele e fez que não viu, não sentiu. Ergueu a
cabeça, seguiu em frente e foi desmoronar na outra esquina.
Assim passaram-se os dias, meses, anos. Tudo igual. Ele
com a outra ela e ela ali passando firme e forte para à noite, no silêncio do
seu quarto, deixar as lágrimas de saudades e de baixo amor escorrer, molhar o
travesseiro.
Eles nem mais se reconheciam, ele havia firmado laços
em outros braços. Ela ali, indiferente ao tempo que ia passando, às
oportunidades de um novo amor, tudo passava liso, só não acabava aquele
sentimento de perda que era tudo o que ela tinha para viver, Bem vestida, às
vezes até sorrindo, passava com o coração na mão.
Talvez todos
percebessem, ou quem sabe ela escondesse tão bem aquele sentimento que ninguém
nem ela mais tinha conhecimento ou domínio sobre ele. Já era uma obsessão.
Vice-Presidente do IPMF
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