terça-feira, 3 de setembro de 2013

Após gastos com nova sede, museu dos EUA demite 20% dos funcionários

Quando o museu Exploratorium, em São Francisco, reabriu em abril em um local novo e maior de frente para o mar, seus diretores esperavam uma multidão de visitantes — tantos a mais que temiam uma inundação do museu e suas exposições interativas.
Na verdade, a frequência ao museu mais do que dobrou, chegando a uma média de 4.100 visitantes por dia, contra menos de 1.600 por dia no ano passado. Porém, os diretores esperavam 7 mil visitantes diários durante o verão e, quatro meses após completarem a mudança para a nova casa de US$ 220 milhões, eles estavam com um buraco no orçamento operacional.
Neste mês, eles anunciaram a redução de um quinto nos 435 funcionários — uma medida para preservar o cerne da instituição enquanto restaura o equilíbrio financeiro, diz Dennis M. Bartels, diretor-executivo.
"Estamos desajustados. É doloroso. Não é onde pretendíamos estar", ele Bartels.


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Vista de frente para o mar do museu Exploratorium, em São Francisco, nos Estados Unidos

O Exploratorium é um dos principais museus de ciência dos Estados Unidos, um líder em exposições interativas envolvendo jogos e resolução de problemas que serviu de modelo para outras instituições do mundo inteiro.
Porém, algumas das próprias pessoas que criaram tais exposições — e que eram conhecidas por construir diversos protótipos e ajustá-los conforme as reações dos visitantes — estão entre os notificados de que não terão emprego em três semanas.
"A maioria das pessoas que costumava trabalhar nesse modelo está sendo demitida", diz Earl Rankin Stirling, técnico de exposições, presidente do sindicato dos funcionários do museu e confirmado na lista de dispensas. "Basicamente, foi um corte no coração de quem somos aqui."

Além da redução no número de funcionários, o museu pretende expandir empreendimentos lucrativos, tais como a consultoria e a construção de exposições para outros museus — mudanças que, no entender de Stirling, poderiam comprometer a personalidade do museu.
"É uma diferença central", afirma Stirling. "Estamos passando de trabalho visionário e desenvolvido internamente a encomendas de outros museus do mundo."
Em um momento em que o financiamento federal está minguando, o Exploratorium tem menos proteção para o erro do que no passado. A entidade define o orçamento operacional em US$ 54 milhões — um salto sobre os US$ 30 milhões necessários para tocar o endereço antigo. Quando o público não afluiu no número esperado, os chefes do museu decidiram reduzir os gastos para US$ 45 milhões.
A retração em pleno voo deixará o museu com o equivalente a 350 funcionários em período integral, um corte de 85 vagas.
Segundo Stirling, nas conversas trabalhistas, os diretores do museu não ofereceram nenhuma concessão, como aceitar cortes no salário para ajudar a compor os erros de cálculo. Além dos 35 demitidos, sete empregados foram convencidos a optar pela aposentadoria antecipada e oito passaram a trabalhar em meio expediente. O Exploratorium também eliminou vagas não preenchidas.


NYT
Obra exposta no museu Exploratorium, em São Francisco, nos Estados Unidos

Contudo, o museu está criando 12 novos postos como parte da reorganização que expande a ação de consultoria. Segundo Bartels, duas equipes de construção de exposições — uma para o Exploratorium e outra para outros museus — estavam sendo formadas.
De acordo com a maioria dos relatos, o novo museu, com o triplo do espaço de exposição, tem tido sucesso. Ele conseguiu preservar a estética de obra em progresso do velho Exploratorium e atraiu milhares de visitantes a mais do que há um ano.
Os diretores afirmaram que não desejavam investir demais em publicidade, pois temiam que a nova sede ficasse superlotada, como se deu com a nova Academia de Ciências da Califórnia ao ser reinaugurada, em 2008. Essa decisão agora é lamentada.
"Cometemos um erro fatal ao tentar suprimir o público de nossa abertura", destaca Stirling. "Foi uma oportunidade perdida."
A bilheteria também ficou abaixo do esperado. O ingresso para adultos custa US$ 25 (R$ 59,25), mas por conta dos descontos para moradores locais, crianças e outros, a receita média por visitante é de somente US$ 12,50 (R$ 29,63), abaixo dos US$ 15,50 (R$ 36,74) esperados.
Segundo Bartels, não haverá aumento dos preços nem qualquer alteração nas estratégias, como recorrer a exposições temporárias arrasadoras para atrair um público maior.
Os funcionários do museu falaram que não estavam preparados para os cortes.
"A profundidade e a extensão chocaram a todos", declara Karen Kalumuck, bióloga que trabalha no Exploratorium há 19 anos e optou pela aposentadoria precoce aos 57 anos de idade. "A ideia de pensar em aposentadoria é muito esquisita."
Mesmo assim, ela disse que estava "cautelosamente otimista" de que o Exploratorium fosse se recuperar. "Apesar de ter sido cortada, eu adoro o lugar e o pessoal", garante Kalumuck.

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