Cantora traz turnê "Deixa a Nega Gingar" ao palco do Opinião
Elza Soares, uma das vozes mais emblemáticas da música brasileira, já tem data certa para se apresentar novamente em Porto Alegre. A cantora trará a sua mais recente turnê, "Deixa a Nega Gingar" (famoso samba que ela gravou em 1966) ao Opinião, no dia 19 de outubro, a partir das 20h30min. No repertório do espetáculo, todas as músicas que foram interpretadas por Elza e que são sucessos até hoje, como "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicínio Rodrigues), "País Tropical" e "Chove Chuva" (ambas de Jorge Ben Jor) e "A Carne" (Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti). No palco, ela será acompanhada por cantoras da nova geração da nossa MPB e também por uma orquestra de gafieira completa. Ingresso custam de R$ 50 a R$ 70.
Elza Soares é foda! Não se assuste com a palavra forte, é ela mesma quem diz. E a gente tem que concordar. Pense numa menina de 13 anos, pobre, negra enfrentando sozinha Ary Barroso e saindo vencedora com sua voz. Pense numa mulher que enfrentou uma nação por amor. Pense numa cantora admirada por Sylvia Telles, numa voz que já misturava jazz e samba antes da bossa nova e que fez isso sem referência alguma, por puro instinto. Sua gravação de "Se Acaso Você Chegasse", de Lupicínio Rodrigues, é um clássico e um exemplo desse suingue peculiar. Elza Soares gravou com grandes nomes do samba, como Roberto Ribeiro e Wilson das Neves - com esse, grande baterista, fez um dueto inédito e raro pra sua época entre cantora e instrumentista. Com Miltinho, grande cantor famoso pelas divisões, fez álbuns históricos. Ronaldo Bôscoli inventou pra ela a alcunha de bossa negra, mas Elza sempre foi mais. Nos anos 80, estreou na música pop com as bênçãos de Caetano Veloso no disco "Velô", arrasando na canção "Língua". Sempre contemporânea, qualidade de grandes artistas, hoje ela se apresenta com DJs no palco e já fez um álbum inteiro com música eletrônic,a mas cantando Zé Kéti. Ela passeia tranquila em qualquer território. É antológica a gravação que fez para Itamar Assumpção. Admiração recíproca, "Elza" Itamar fez pra ela. Como fez Chico Buarque com "Dura Na Queda", Caetano Veloso com "Dor de Cotovelo" e Zé Miguel Wisnik com "Flores Horizontais". Seus shows mais recentes tem o nome de um samba que ela gravou em 66, "Deixa a Nega Gingar", de Luiz Cláudio. Mas, temos que dizer, mesmo com uma big band atrás, uma orquestra de gafieira, uma parafernália eletrônica, quando Elza Soares canta, tudo fica menor. Com esse timbre só dela, o balanço, a voz que soa como um instrumento. Acima de tudo, uma artista que vive o seu tempo e que por isso não envelhece. Uma mulher que já levantou e sacudiu a poeira tantas vezes que perdeu a conta. Elza Soares, meu amigo, é foda! Fonte: Correio do Povo |
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