quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Depois de mais de 70 anos, Brasil ganha nova
edição em português de O duplo, de Otto Rank

Livro do psicanalista austríaco, que estava fora de catálogo no Brasil 
há muitos anos, ganha edição nova com tradução direto do alemão
Otto Rank foi, depois de Freud, o mais prolífico entre os primeiros psicanalistas, com dezenas de trabalhos publicados. Entre eles, está O duplo: um estudo psicanalítico, em que investiga a duplicidade do Eu na literatura, no cinema ou em outras artes. O livro estava fora de catálogo no Brasil há muitos anos, e a edição mais recente datava de 1939. Agora, a obra ganha nova edição pela Dublinense, comentada e com tradução direta do alemão. É o primeiro lançamento da coleção Gradiva Editorial.
 
A partir de um verdadeiro passeio literário, passando por autores como E. T. A. Hoffmann, Edgar Allan Poe, Fiodor Dostoiévski, Adelbert von Chamisso e Oscar Wilde, entre inúmeros outros, Otto Rank conduz os seus leitores pelos caminhos do problema do duplo. Analisando obras e autores e fundamentando a sua argumentação em um amplo apoio teórico proporcionado pela obra dos estudiosos do tema, tanto nos campos da antropologia, da história dos mitos, da história do folclore e das superstições, mas, sobretudo, da psicanálise, o autor demonstra que o tema do duplo encontra-se intimamente referido à primordial relação que o homem mantém com as questões da vida e da morte. 
 
No texto de apresentação, a psicanalista Maria Alice Timm de Souza explica a importância do livro. “Rank, que participou do círculo mais próximo de Freud por aproximadamente vinte anos, construiu, em O duplo, uma obra fundamental não só para os estudiosos da literatura e da psicanálise, como também para o leitor interessado em conhecer um tema que comparece sob múltiplas formas na arte e na vida”. 
 

Otto Rank, psicólogo, psicanalista, escritor e professor, nasceu em Viena, Áustria, em 1884. Proveniente de uma infância pobre, tornou-se serralheiro enquanto o irmão estudava Direito, pois os pais não podiam pagar a universidade para os dois ao mesmo tempo. Rank foi desde cedo um leitor incansável, tendo se aprofundado em filosofia e literatura. Por volta de 1900, leu A interpretação dos sonhos e foi apresentado a Freud. O brilhantismo do jovem logo despertou a simpatia de Freud, que o ajudou a prosseguir nos estudos, e resultou na sua nomeação como primeiro secretário da Sociedade Psicanalítica de Viena em 1906. Rank obteve o doutorado na Universidade de Viena, em 1912, sendo o primeiro a fazê-lo com uma tese de assunto psicanalítico. Nesse mesmo ano, fundou a Imago — publicação especializada na aplicação da psicanálise às ciências culturais — e, em 1919, com Freud, o Internationaler Psychoanalytischer Verlag, do qual passou a ser o maior responsável. A ruptura com o mestre, depois de 20 anos de parceria, o levou à França (1926) e, mais tarde, aos Estados Unidos (1935), onde se fixou definitivamente até sua morte, que ocorreu em 1939, em Nova Iorque.

Gradiva Editorial é uma coleção de obras, com curadoria de Ana Maria Lisboa de Mello, dedicadas a recuperar peças fundamentais da literatura e da teoria, sempre em edições comentadas. O duplo inaugura a coleção. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário