Depois de mais de 70 anos, Brasil ganha nova
edição
em português de O duplo, de Otto Rank
Livro do psicanalista austríaco, que
estava fora de catálogo no Brasil
há muitos anos, ganha edição nova com
tradução direto do alemão
Otto
Rank foi, depois de Freud, o mais prolífico entre os primeiros psicanalistas,
com dezenas de trabalhos publicados. Entre eles, está O duplo: um estudo psicanalítico, em
que investiga a duplicidade do Eu na literatura, no cinema ou em outras artes. O
livro estava fora de catálogo no Brasil há muitos anos, e a edição mais recente
datava de 1939. Agora, a obra ganha nova edição pela Dublinense, comentada e com
tradução direta do alemão. É o primeiro lançamento da coleção Gradiva
Editorial.
A
partir de um verdadeiro passeio literário, passando por autores como E. T. A.
Hoffmann, Edgar Allan Poe, Fiodor Dostoiévski, Adelbert von Chamisso e Oscar
Wilde, entre inúmeros outros, Otto Rank conduz os seus leitores pelos caminhos
do problema do duplo. Analisando obras e autores e fundamentando a sua
argumentação em um amplo apoio teórico proporcionado pela obra dos estudiosos do
tema, tanto nos campos da antropologia, da história dos mitos, da história do
folclore e das superstições, mas, sobretudo, da psicanálise, o autor demonstra
que o tema do duplo encontra-se intimamente referido à primordial relação que o
homem mantém com as questões da vida e da morte.
No
texto de apresentação, a psicanalista Maria Alice Timm de Souza explica a
importância do livro. “Rank, que participou do círculo mais próximo de Freud por
aproximadamente vinte anos, construiu, em O duplo, uma obra fundamental
não só para os estudiosos da literatura e da psicanálise, como também para o
leitor interessado em conhecer um tema que comparece sob múltiplas formas na
arte e na vida”.
Otto
Rank, psicólogo, psicanalista, escritor e professor, nasceu em Viena, Áustria,
em 1884. Proveniente de uma infância pobre, tornou-se serralheiro enquanto o
irmão estudava Direito, pois os pais não podiam pagar a universidade para os
dois ao mesmo tempo. Rank foi desde cedo um leitor incansável, tendo se
aprofundado em filosofia e literatura. Por volta de 1900, leu A interpretação
dos sonhos e foi apresentado a Freud. O brilhantismo do jovem logo despertou a
simpatia de Freud, que o ajudou a prosseguir nos estudos, e resultou na sua
nomeação como primeiro secretário da Sociedade Psicanalítica de Viena em 1906.
Rank obteve o doutorado na Universidade de Viena, em 1912, sendo o primeiro a
fazê-lo com uma tese de assunto psicanalítico. Nesse mesmo ano, fundou a Imago —
publicação especializada na aplicação da psicanálise às ciências culturais — e,
em 1919, com Freud, o Internationaler Psychoanalytischer Verlag, do qual passou
a ser o maior responsável. A ruptura com o mestre, depois de 20 anos de
parceria, o levou à França (1926) e, mais tarde, aos Estados Unidos (1935), onde
se fixou definitivamente até sua morte, que ocorreu em 1939, em Nova
Iorque.
Gradiva Editorial é uma coleção de obras, com curadoria de Ana Maria Lisboa de Mello, dedicadas a recuperar peças fundamentais da literatura e da teoria, sempre em edições comentadas. O duplo inaugura a coleção.
Gradiva Editorial é uma coleção de obras, com curadoria de Ana Maria Lisboa de Mello, dedicadas a recuperar peças fundamentais da literatura e da teoria, sempre em edições comentadas. O duplo inaugura a coleção.
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