domingo, 24 de fevereiro de 2013

Florbela Espanca. Poesia e Literatura

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver!

Não és sequer razão do meu viver,

Pois que tu és já toda a minha vida!


Não vejo nada assim enlouquecida...

Passo no mundo, meu amor, a ler

No misterioso livro do teu ser

A mesma história tantas vezes lida!


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."

Quando me dizem isto, toda a graça

Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, digo de rastros:

"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,

Que tu és como Deus: Princípio do Fim!..."

Florbela Espanca (1894-1930)
Poetisa portuguesa de imensa capacidade dramática. Estudou letras e cursou direito. Casou-se por três vezes e sempre deu sinais de desequilíbrio, o que em nada comprometeu a qualidade de sua poesia, sempre intimista e arrebatadora, forte, erótica, intensa e de uma beleza particularmente tocante.
Florbela suicidou-se no dia em que completaria 36 anos.
É dela este poema, intitulado Fanatismo, que, depois de musicado, fez sucesso no Brasil com o cantor Fagner.

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