Área dos desfiles do Carnaval 2013 em Porto Alegre ainda não tem Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Rachel Duarte
Fonte: Sul21
A Prefeitura de Porto Alegre engaja-se em uma corrida contra o tempo para adequar o sambódromo do Complexo Cultural Porto Seco às exigências do Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), exigido pelo Corpo de Bombeiros em 2012. Nesta quinta-feira (31) o abastecimento de água das mangueiras dos barracões e o PPCI do local dos desfiles ainda não estavam concluídos. A estimativa do engenheiro contratado pela administração municipal para preparar o Carnaval, Valdinei Nascimento, é de que até o próximo domingo (3), quando ocorre a Muamba Oficial de abertura da folia, tudo esteja concluído.
A data da muamba, inicialmente marcada para sexta-feira (1º) e sábado (2), foi alterada em razão do luto oficial declarado pelo governador Tarso Genro em memória as vítimas da tragédia de Santa Maria. De certo modo, isso contribuiu para que o calendário do samba não começasse sem os equipamentos necessários para prevenção de incêndio no Porto Seco. “As questões de segurança acabaram sendo (resolvidas) de última hora”, admitiu o engenheiro. A previsão dele é concluir o plano preventivo dos barracões até esta sexta, quando deve ocorrer a vistoria dos bombeiros. Uma segunda vistoria será realizada no sábado (2), quando deve ficar pronto o plano da área do desfile das escolas.
Desde a interdição do complexo por medida do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) no Carnaval de 2012, o poder público municipal teve ao menos 10 meses para adequar o PPCI. Porém, a troca dos extintores, com vencimento em janeiro deste ano, das luzes de emergência e das mangueiras foram efetuadas apenas nesta semana.
No dia 16 de janeiro o Sual21 apurou que o plano contra incêndios ainda estava pendente. “A Prefeitura assumiu os custos e trocou tudo neste tempo. Terminamos o trabalho ontem (quarta-feira)”, disse Nascimento.
O vice-presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (Aecpars), Érico Leoti, confirmou a realização do serviço nos últimos dias. “Faz duas semanas que foram feitos o levantamento do que era necessário e as adequações e recargas dos extintores nos barracões”, falou.
Engenheiro contratado pela Prefeitura, Valdinei Nascimento garante que tudo estará pronto até sexta-feira (1º) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Ainda está pendente a bomba de abastecimento das oito mangueiras disponibilizadas em cada um dos 15 barracões das escolas de samba. O técnico responsável pelo trabalho disse na visita feita pelo Sul21 ao sambódromo nesta quinta-feira (31) que tudo estará funcionando até sexta-feira (1º). “Nesta sexta concluímos todo PPCI dos barracões e receberemos a vistoria dos bombeiros no sábado”, informa o engenheiro.
A Prefeitura de Porto Alegre investiu nestes quinze dias R$ 70 mil para instalação de 23 luminárias, luzes de saída de emergência com lâmpadas led (duração maior), 120 mangueiras e a reposição de 240 extintores de incêndio. “Foram aumentados 30 extintores e qualificamos as luzes. O investimento também abrange a colocação de saídas de emergência nos camarotes, praça de alimentação e Botecão do Samba e 116 extintores na avenida dos desfiles”, fala Valdinei Nascimento.
Razão da interdição do sambódromo foi solucionada, mas falta vistoria dos bombeiros
Na primeira reportagem do Sul21 sobre a situação do Porto Seco, surgiu uma dúvida quanto ao cumprimento das exigências do MP-RS na ação civil que interditou o sambódromo no final de 2011. A construção de uma espécie de muro de isolamento entre os telhados dos hangares para evitar que um incêndio se propague entre um barracão e outro teria que ter sido feita para o Carnaval de 2012. A prefeitura e o MP-RS entraram em acordo e o trabalho foi feito após os desfiles do ano passado. “Encerramos a obra em julho”, atesta o engenheiro Valdinei Nascimento.
240 extintores foram recarregados até esta quarta-feira (30) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Na visita ao sambódromo é possível ver o trabalho realizado. Porém, o Corpo de Bombeiros trabalha com informação diferente. Na primeira reportagem doSul21 sobre a situação do Porto Seco, o sargento Jorge Luis Pires Dorneles, da Seção de Prevenção de Incêndio, disse que uma última vistoria foi realizada em dezembro de 2012 e que a obra, até então, não tinha sido feita.
O ruído na comunicação entre Bombeiros e Prefeitura de Porto Alegre parece estar no laudo de prevenção contra incêndio, que a SMOV deve liberar para os bombeiros verificarem o cumprimento do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). “Já entregamos o documento em novembro para os bombeiros e eles serão chamados para vistoria quando concluirmos o PPCI. Eles já vistoriam tudo junto”, explica o engenheiro Valdinei Nascimento, também ligado à Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (Aecpars).
Questionado sobre a vistoria dos bombeiros ter ocorrido após a data informada sobre a entrega do laudo da SMOV, o engenheiro alega que “como os extintores venciam em janeiro, tudo foi adequado próximo a esta data para poder realizar a vistoria dos bombeiros com tudo em dia. “Esperamos a data do vencimento para adequar tudo e chamar vistoria dos Bombeiros de uma só vez”, afirmou.
De acordo com o engenheiro, foram gastos R$ 300 mil na obra de contenção entre os hangares. No próximo final de semana, antes da Muamba Oficial, deverão ocorrer os testes de segurança das arquibancadas e dos camarotes. O Complexo Cultural Porto Seco dispõe de dois acessos principais, um para escolas e outro para os populares. A capacidade é de aproximadamente 15 mil pessoas. Os desfiles do Carnaval 2013 de Porto Alegre acontecem de 8 a 11 de fevereiro.
Luzes de emergência foram substituídas por leds para ter maior durabilidade. Lâmpadas foram testadas durante visita do Sul21 ao sambódromo nesta quinta (31) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Cada um dos 15 barracões tem duas caixas com quatro mangueiras cada. Abastecimento de água ainda será ligado nesta sexta-feira (1º) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Ao longo de 2012 o Complexo Cultural Porto Seco sofreu algumas depredações – entre elas, o furto dos cabos que ligam a máquina de bombeamento da rede de água dos barracões. Novo local dos controles é gradeado | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Projeto inicial do Complexo Cultural Porto Seco previa utilização do espaço durante todo o ano, com atividades das escolas, oficinas e instalação da Secretaria de Cultura do Município. Utilização do espaço público poderia evitar depredações e abandono durante o ano | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
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