Por Fabíola Gerbase (fabiola.gerbase@oglobo.com.br) | Agência O Globo
RIO - Um "leilão silencioso" de obras de arte é uma das apostas do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, no Cosme Velho, para manter o barulho do público que está voltando a frequentar seu casarão centenário. Reaberta em abril, após cinco anos fechada, a instituição, que abriga o maior acervo naïf do mundo, toca diferentes projetos para movimentar sua retomada e garantir recursos para o seu funcionamento.
No próximo dia 20, o museu começa a expor 30 telas da coleção particular de Lucien Finkelstein, fundador da instituição, que serão leiloadas sem gritos de "quem dá mais?". Ao lado de cada obra, de artistas como Aparecida Azedo e Lia Mittarakis, o valor do lance mínimo estará acompanhado por uma urna, em que se poderá depositar uma proposta de compra. No dia 27, no fim do evento "Cosme Velho de portas abertas", as urnas serão abertas, e os novos donos das peças serão conhecidos.
O leilão é o primeiro passo para viabilizar as obras que a gerente executiva do museu, a pedagoga Tatiana Levy, considera mais urgentes: o restauro da fachada, a reforma do telhado e a limpeza das calhas. Vista da Rua Cosme Velho, a fachada destruída não faz jus às seis mil peças de arte que guarda e não ajuda a atrair visitantes.
- Temos que cuidar do cartão de visita do museu. A obra foi orçada em R$ 93 mil. O leilão será o pontapé inicial para conseguirmos os recursos. No leilão, os quadros mais caros terão lance mínimo de R$ 2 mil. Mas pelo menos três obras começarão em R$ 30. Depois, vamos fazer um crowdfunding (financiamento coletivo obtido pela internet). E há uma iniciativa para criar uma associação de amigos, que pode nos ajudar na preservação. Tudo para assegurar que o museu continue aberto - diz Tatiana, também coordenadora educacional da instituição.
Compra de móveis é urgente
Menina dos olhos da pedagoga, o projeto "Adote um quadro" busca firmar parcerias de um ano com dez escolas particulares da cidade, que passam a ter o museu como uma extensão de seu espaço. O apoio, simbolizado pela adoção de um quadro pela instituição de ensino, se dá com um contribuição mensal entre R$ 300 e mil reais, dependendo do número de estudantes. Em troca, a escola ganha passe livre, uma visita guiada por mês e a possibilidade de usar as dependências do museu para fazer um evento por ano. A primeira parceira é a vizinha Escola Curiosa Idade, que adotou uma tela de Fabio Sombra.
Na lista de projetos, a maior urgência, junto com a reforma da fachada, é a compra do mobiliário para a reserva técnica, recuperada este ano com verba da organização holandesa Prince Claus Fund. No espaço, destruído nas chuvas de 2010, o acervo está guardado em condições inadequadas.
Em busca de verba
Em busca de dinheiro para a compra, o museu está inscrito em dois editais de cultura. Foi vencendo o edital Pró Artes Visuais 2011, da Secretaria municipal de Cultura, e obtendo a verba de R$ 400 mil que a instituição conseguiu fazer as melhorias necessárias para sua reabertura, além de pagar à equipe de funcionários.
- Esperamos outras parcerias para continuar de portas abertas - resume Tatiana.
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