segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O Barbado... foi-se


A marchinha "O Barbado... foi-se", da autoria da dupla Dr. Boato e G. Ladeira. O tal Dr. Boato, na verdade, era o pseudônimo do irreverente Lamartine Babo.

A interpretação é de Almirante, com a Orquestra Guanabara. Gravação de novembro de 1930. Ou seja, mês em que Getúlio Vargas assumiu o Catete.

A letra é hilária. O "Doutor Barbado" era o apelido do presidente Washington Luiz, deposto pela chamada "Revolução de 30", o golpe de estado que levaria Getúlio ao poder - daí a citação na primeira estrofe ao "dia  3" [de outubro], data do estopim do movimento.

O assasinato de João Pessoa, o paraibano que era o vice na chapa derrotada de Getúlio à presidência da República, é o tema da segunda estrofe. A composição da Aliança Liberal, formada por Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba, explica as referências aos três estados.

E, como não poderia deixar de ser, Lamartine cita o obelisco da avenida Rio Branco, na então capital federal, Rio de Janeiro, onde os gaúchos amarraram seus cavalos para simbolizar a tomada do poder.

E por que a referência ao "telegrama"? Ora, a "Revolução de 30" foi palco de algumas batalhas acirradas e de uma série de mortes. Mas a verdadeira guerra foi de bastidores, na troca de mensagens telegráficas secretas entre os principais personagens envolvidos.

Confira:

O Barbado... foi-se
G. Ladeira - Dr. Boato

De Sul a Norte,
Todos viram a intrepidez
De um Brasil heróico e forte
A raiar no dia 3.

A Paraíba,
Terra santa, terra boa,
Finalmente está vingada,
Viva o grande João Pessoa!

Doutor Barbado,
Foi-se embora,
Deu o fora.
Não volta mais.
Não volta mais.

A mineirada,
Lá da terra da coalhada,
Faz prender a carneirada
Nos sertões da Mantiqueira.

O Rio Grande,
Sem correr o menor risco,
Amarrou por telegrama
Os cavalos no obelisco.

Doutor Barbado,
Foi-se embora,
Deu o fora.
Não volta mais.
Não volta mais.

fonte: http://www.liraneto.com/2012/05/radio-catete.html
Fonte: LP "Revolução de 30: Uma visão através da música popular". Sesc-SP/Fundação Roberto Marinho, 1931

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