Para cada um de nós, integrantes do grupo Tá Na Rua, o teatro profissional não parecia oferecer reais condições para a discussão política, social e cultural que julgávamos imprescindível nos idos da década de 70, quando o grupo teve sua primeira formação.
A insatisfação pode facilmente transformar-se em inação ou aceitação de velhos caminhos já percorridos. Partimos, então, para o desenvolvimento de um trabalho que não evitasse; com considerações de ordem empresarial e comercial ; a necessária investigação de uma linguagem que viesse a resgatar um ator, uma expressão submersa pela cultura burguesa, de modelo importado e alcance limitado à classe dominante e sua periferia.
Submergirmos para tentar descobrir o que havia além do verniz que faz brilhar nossas Broadways e Vênus tupiniquins. Fomos em busca de nossa grande rua; nossas ruas; descobrir o que havia entre as malhas do tecido vivo de nossas cidades. E encontramos o povo ávido de participação. A ele devemos o que aprendemos nesses anos de andanças; trouxas às costas, bandeiras ao vento.
Muitos anos depois daqueles primeiros passos, temos hoje um trabalho que utiliza o teatro como instrumento de desenvolvimento do ser humano, de conscientização de sua realidade política, social e cultural. O teatro como uma pedagogia de ação transformadora: o espectador transformando-se em ator, tomando em suas mãos a configuração e discussão de seu destino. O teatro como uma pedagogia de ação transformadora: o espectador transformando-se em ator, tomando em suas mãos a configuração e discussão de seu destino.
Um teatro popular, com uma linguagem narrativa, dialética, que constrói sua dramaturgia no próprio desenvolvimento da ação/reflexão. Umas ferramenta eficaz, que proporciona aos setores populares a capacidade de apropriar-se de sua auto-expressão, em busca de sua própria identidade, desvinculados da cultura dominante.
Descobrimos um ator que não é diferente do povo a quem ele se dirige e com quem quer exercitar sua arte. Um ator aberto, lúcido, generoso no coração e capaz de acreditar na força transformadora do seu ofício. Um ator que fertiliza e se deixa fertilizar pelas centenas de encontros em praças, ruas e salas, com pessoas tão ou mais inquietas que ele próprio. Um ator que é impulsionado pela força e energia de sua vocação para o prazer, a alegria, a felicidade.
fonte: site http://www.tanarua.art.br nele o leitor encontrará um importante acervo do trabalho do grupo e de seu diretor Amir Haddad.
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