quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Memórias de Bairros


Museu do Bom Jardim será inaugurado hoje

31.08.2012

O equipamento será aberto com a exposição "Jardim das Memórias", que retrata vivências em cinco bairros

Com a exposição "Jardim das Memórias", será inaugurado, às 16 horas de hoje, o Museu Comunitário do Grande Bom Jardim, que tem como meta a ousada missão de "falar da memória de um povo e de seus guardiões por direitos comunitários".


A organização dos moradores no cotidiano do Grande Bom Jardim, assim como a influência religiosa faz parte do que é contado no museu comunitário

Reunindo peças como frases, manifestos, painéis, fotos e vídeos, a exposição dá voz aos moradores e reconstrói parte da história de cinco bairros de Fortaleza: Granja Portugal, Granja Lisboa, Bom Jardim, Canindezinho e Siqueira.

"Os painéis mostram a temática de luta e resistência, utilizando tecnologia nova na cartografia social", cita o curador Adriano Almeida, acrescentando que um vasto acervo documental e imagético registra, também, as práticas religiosas e espirituais dos moradores. São, ainda, retratadas as expressões artísticas da comunidade, através de peças como o artesanato.

Gerido por nove entidades e organizações populares, o Museu está em execução desde 2009. Após percalços, passa a funcionar na Rua Dr. Fernando Augusto, 987, Bom Jardim, e será inaugurado, nesta sexta-feira, com a fala de pessoas das comunidades e apresentações artísticas. Também hoje, serão lançados um site, uma cartilha e um documentário, mostrando os esforços de preservação e valorização da memória social dos moradores do lugar.

"Não temos sede própria. Somos um movimento cultural sem teto. Pedimos uma sala emprestada e fizemos a reforma do espaço", diz o curador e sociólogo Adriano Almeida, ao comentar as dificuldades enfrentadas.

O vasto acervo foi possível graças a um amplo processo de pesquisa participativa sobre os bens culturais daquele território localizado na periferia de Fortaleza e sua história. Jovens pesquisadores e lideranças ajudaram a montar o acervo material e imaterial que será incorporado ao Museu.

Articulação

Assim, esse projeto resulta do esforço e da articulação de nove entidades comunitárias dos cinco bairros. A iniciativa para a conservação da memória popular, informa Adriano, tem o fomento de parceiros locais e externos como o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram-MinC) e a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).

As lutas travadas no cotidiano de um povo, bem como as celebrações e conquistas no processo de construção de seu território e de afirmação de suas identidades são objetos da exposição "Jardim das Memórias". Segundo Adriano, essas memórias têm uma ligação forte com a água, com a terra e com a carnaúba.

"A partir da análise das entrevistas, dos conteúdos gerados em seminários comunitários e nos grupos, percebemos que são muito fortes nas práticas cotidianas a organização dos moradores e a influência religiosa", observa o curador.

Identifica, ainda, a importância das pastorais sociais, que têm como berço as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e os espaços de manifestação das culturas religiosas de matrizes africanas e ameríndias. O objetivo da exposição foi registrar ações das comunidades "como forma de refletir o caminho trilhado para seguir adiante".

Hoje, na inauguração do Museu, será exibido o vídeo Fincapé, produzido em 1989 por uma Organização Não-Governamental (ONG) e que narra a luta dos moradores daquela região da periferia da Capital em prol do alargamento da Av. Osório de Paiva.

MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER 

Fonte:http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1176213 acesso em 5/9/12.

Nenhum comentário:

Postar um comentário